8.17.2015

respostas a perguntas inexistentes (326)

Às vezes lembramo-nos duma pessoa por causa de uma coisa qualquer. Um sabor, por exemplo. Se eu estiver a comer pipocas, costumo lembrar-me duma mulher com quem fui ao cinema uma vez e que fez uma cena por causa delas. Ela queria comer pipocas doces durante o filme e eu opus-me timidamente. Zangou-se comigo e eu acabei por ceder. Foi a primeira e a última vez que fomos ao cinema.
Acabámos por perder os dois.
A melhor forma de nos lembrarmos de alguém é não saber porquê. São essas as pessoas mais importantes na nossa vida, de quem nos lembramos só porque sim. Quando não sabemos por que motivo nos lembramos de alguém, então é porque gostamos desse alguém desinteressadamente.
Tenho uma amiga de quem me lembro só porque sim, apesar de a ver muito pouco. Lembro-me dela quando estou a trabalhar, quando estou na praia ou a comprar a pão. Lembro-me dela nas mais variadas e improváveis ocasiões, porque ela própria é uma mulher improvável. Ainda bem. Gosto dela e hoje pude dizer-lho.
Quando se sentirem sós, procurem as pessoas que não têm que ir chamar no fundo da vossa memória, a propósito de um facto qualquer da vida, mas sim aquelas que surgem na primeira esquina duma lembrança qualquer, a sorrir e com vontade de vos abraçar.
Digo eu, sei lá.

3 comentários:

Homem, Homossexual e Pai disse...

concordo, as mulheres as vezes são um pouco menos decifráveis que os homens, mas, como tenho uma filha, fui tendo que aprender como elas pensam... e comecei a perceber que tb os homens tem seus lados indecifráveis! otimo tema para um blog!

redonda disse...

Gostei da imagem/ideia na última frase :)

Ivar C disse...

Homem, Homossexual e Pai, também tenho uma filha... mas, talvez por ingenuidade, não me aprece indecifrável. o meu problema em decifrar surge sempre com a paixão... talvez o problema esteja em mim, sim. :)

redonda, beijinho. :)