7.06.2015

pensamentos catatónicos (324)

Os homens são tão parvos.

Às vezes dou-lhe um sinal de que preciso de mais. Não sei do que é que eu preciso de mais, mas sei que deve vir dela. Talvez a mão naquele momento, talvez uma palavra. Sei lá do que preciso. E ela ri-se. Diz-me que sou inseguro e eu endireito as costas imediatamente. Depois penso: os homens são tão parvos.
Penso-o para me salvar de mim, claro. Se formos todos parvos, talvez eu tenha desculpa por sê-lo também. Resigno-me a essa gigantesca condição de parvoíce intrínseca ao género masculino e desculpo-me.
Só se pode querer uma de duas coisas, diz ela sem falar: ou segurança ou Amor. As duas não se dão juntas. Ou se Ama e se é inseguro, ou se é seguro e não se Ama. E agora?
Agora dou-lhe razão. Ela afasta-se para ir pontapear uma bola que fugiu de um pequeno campo de jogos no parque onde passeamos. Vejo-a correr e distanciar-se à mesma velocidade que o mundo todo se distancia de mim. Depois pega na bola e envia-a com um sorriso por cima da rede que enjaula um grupo de homens suados. Alguns agradecem-lhe e acenam.
Não sinto os pés, não sinto as mãos, não sinto nada. Sinto-me à deriva no espaço cósmico sem lhe conseguir chegar, como se aquele pequeno movimento fosse um adeus para sempre.
Depois ela regressa, devolve-me a mão, a vida e o chão que piso. Continua a falar e a sorrir como se não tivesse acabado de provocar um pequeno cataclismo em mim. Como se não se passasse nada. E então penso: os homens são tão parvos.
Sorrio. Desculpo a minha parvoíce com todos os outros homens do mundo.

2 comentários:

Mam'Zelle Moustache disse...

Desculpa-me ter de estragar essa tua desculpa. Mas os homens não são todos inseguros. Alguns pecam pelo contrário. Confiançudos demais que até dá dó.
Antes ser-se um tico inseguro, vai por mim. ;)

Ivar C disse...

Mam'Zelle Moustache, está na boa. eu abstraio-me do que eu próprio me digo. :)