7.30.2014

coisas que fascinam (173)

O Amor morre sempre ao mesmo tempo que a saudade que temos de quem Amamos. Quando deixamos de sentir falta de alguém, então não estamos apaixonados de facto. Podemos fingir que sim, até por uma questão de conforto, mas o Amor morninho nunca será igual ao Amor a sério.
Isto é uma merda, porque a saudade morre por causa do próprio Amor. É ele que nos impele a matá-la a cada momento da nossa vida, sem perceber que se está a matar a si mesmo.
Agora, desde que me apaixonei pela última vez, mantenho a saudade sempre nos seus níveis máximos. É, muito provavelmente, das coisas mais difíceis de se conseguir fazer mas, fazendo-o, mantém-se o Amor vivo. A vida também.
Manter a saudade significa, ao mesmo tempo, manter a individualidade e alguma distância. Viver para além do meu próprio Amor, para que ele não se transforme em mim mesmo e morra sem que eu me dê conta. 

8 comentários:

Maria das Palavras disse...

O amor morninho dá-nos uma falsa sensação de calor e é por isso que mantemos assim.

Anónimo disse...

Meu caro bagaço amarelo tu és engraçado. :)
Dizes tu: “Agora, desde que me apaixonei pela última vez, mantenho a saudade sempre nos seus níveis máximos.”
Pergunto eu: Será que quando se ama de verdade não se faz tudo para acabar com a distância, com a saudade? Será que amar não significa querer estar junto? Quero acreditar que sim.

Perpetuar a saudade sem nada fazermos para acabar com ela, é algo que nos deve levar a pensar. A pensar porque é que o fazemos. Por acaso há dias, numa conversa com uma amiga, e no contexto de relações amorosas, ela comentou que havia pessoas que mantinham uma relação em que cada uma vivia no seu canto e que assim até que era bom. Para esta minha amiga, essa situação até era “interessante”.

Não concordei. Talvez por eu ser uma pessoa que dá toda a importância ao sentir e por isso mesmo não me estou a ver numa relação dessas.
Não sei. – respondi-lhe eu. Não acredito que duas pessoas que se gostem de verdade queiram esse tipo de relação. Não acredito. Uma coisa é alguém viver separado de quem gosta durante um tempo, devido a uma série de circunstâncias que vão desde trabalho, local de residência, e por aí fora. Outra, bem diferente, é duas pessoas manterem uma relação de eternos “namorados”, pondo de parte uma vida a dois, como era o caso dos protagonistas da nossa conversa. Penso que quem opta por este tipo de relação o fará por todos os motivos, mas com toda a certeza de que não é por amor. Pode ser por a outra pessoa até estar a jeito, pode ser por medo da solidão, ou até mesmo por carências físicas. Não sei. O que sei é que quando gostamos de alguém de verdade, a saudade dói e a vontade de acabar com ela, com a saudade, é imensa. Quando se gosta há uma vontade imensa de estar perto.

Claro está que existem pessoas que gostam desse sentir que nasce do “não ter”, da ausência. É esse feeling que as faz sentir vivas. Mas é um sentir que acaba assim que acaba também essa saudade, esse “não ter”. Daí que tenham que andar a mudar de relação como quem muda de camisa. Chamar amor a isso é não fazer justiça ao próprio AMOR. Quando se tenta preencher um vazio da alma com a presença de alguém, mais tarde ou mais cedo, esse vazio dá de novo ares da sua graça. E é então que se vai à procura de um novo “ópio” para trazer êxtase à vida. Talvez eu seja uma sonhadora, mas acredito que quando o amor nos acontece, fazemos tudo para estarmos perto de quem amamos. Isto se formos correspondidos, pois é claro. É que, quando se ama, gosta-se de mimar assim como de partilhar esses pequenos grandes nadas que a Vida nos dá. Amor e tédio nunca se conjugam. Que seja sempre o amor a razão do nosso existir, vivamos nós sós ou acompanhados. :)

Ivar C disse...

Anónimo Maria das Palavras, às vezes é, sim, e é legítimo. :)

Maria Mundo, manter a saudade não significa ausência total. significa isso mesmo: manter a saudade permanentemente... :)

Cláupi disse...

Percebo perfeitamente a ideia e concordo totalmente, acho até, que é mesmo esse o segredo para a manutenção do encantamento, mas nem toda a gente consegue lidar com isso da melhor maneira, quem ache que amar é estar sempre colado ao outro, tipo carrapato e deixa de ter uma vida para além da relação amorosa, com um tipo de parceiro ou parceira desses, isso de que o Bagaço fala torna-se muito difícil de pôr em prática :)

Ivar C disse...

cláupi, a imagem do carrapato parece-me honesta e realista. :)

Maria Eu disse...

A saudade, em mim, é sempre aguda.

Beijinhos Marianos, Bagacinho! :)

Fatyly disse...

Acho que a maioria das pessoas procuram explicações e ou formulas mágicas do e ou no Amor. Não existem e gastam nessa procura as forças que deveriam ser canalizadas para outras coisas.

O que descreves aqui pode ser, pode acontecer mas cada individuo é por si só "único" e o que me pode agradar não agradará a outros como é óbvio e o Amor reside/alimenta-se/cresce entre dois seres e sinceramente não concordo que se deve alimentar "a saudade" (já por si só um sentimento corrosivo, que dói muito) para continuar a amar. A distância física, na minha modesta opinião é um falso espelho e nunca será por aí, porque tudo depende de muita coisa. O ser carrapato...nem tanto ao mar nem tanto à terra, daí subscrever o comentário de Maria Madeira.

Sem querer lembrei-me dos que se têm de afastar dos seus amores por:

- motivos de trabalho tipo marinheiros - em cada porto alguém espera para os(as) entreter

- numa guerra e após X tempo de serviço lá aparecem os filhos da guerra

- por questões logísticas e opções individuais, morando cada um no seu canto, encontram-se, fazem férias, etc.

e em todas as situações querem respostas que não existem, quando julgamos um todo, quando a falha está quase sempre num minúsculo ponto, gesto ou palavra e que nos passa despercebido.

Não sei se me fiz entender, mas manter a saudade, não de todo!!!!

Um abraço

Ivar C disse...

maria eu, sortuda. beijinho. :)

fatyly, compreendo... mas nos exemplos que descreves concordo contigo. a saudade de que falo é outra. :)