5.06.2008

dentro de quatro paredes

Um amigo com quem tomamos café diariamente e nos parece ser a melhor pessoa do mundo, com quem rimos e contamos piadas, com quem desabafamos os nossos dias incertos, em casa pode ser o oposto. Porquê? Porque está entre quatro paredes e uma das coisas que caracteriza os agressores na violência doméstica é a cobardia e perversidade. Não o seu estrato social. Neste tipo de violência há um escudo de silêncio e de vergonha que separa a vítima do mundo, e é esse escudo que é preciso romper.
No primeiro trimestre deste ano, em Portugal, morreram dezassete mulheres vítimas de violência doméstica. [notícia no JN]

17 comentários:

Proud Bookaholic Girl disse...

Muitas vezes, o agressor é exactamente o que conta mais piadas, o que tem mais amigos, é popular. Quem vê caras, não vê corações.

Ivar C disse...

aisling, tens razão. já fui surpreendido duas vezes. agora não o sou mais. :)

Afrodite disse...

Por estas e por outras...eu pratico artes marciais...venha o espertinho tentar ehehehehe.

Abreijinhos e NÃO à violência ;)

Ivar C disse...

afrodite, *medo* :)

Anónimo disse...

e tb há mulheres que o fazem. que o fazem aos companheiros muitas vezes de forma psicologica, que o fazem aos de mais idade de quem acham que ja nao precisam... que o fazem aos filhos usando-os como objecto de arremeço aos que querem manipular... infelizmente conheço um pouco disto (ne feminino).

Ivar C disse...

mi, é verdade. como vítimas de violência doméstica os homens quase não se fazem notar porque a vergonha ainda é maior. :)

Anónimo disse...

isso mesmo, e os idosos e as crianças (em particular) acham que nao se podem queixar...

Ivar C disse...

mi, pois... só que às vezes não podem mesmo. :)

Ana Lúcia Pestana disse...

Infelizmente, esse e outros números que vemos ocasionalmente nas notícias não são reais. Muitas mulheres são mortas por companheiros violentos sem que essas mortes sejam associadas a uma agressão. Ou acabam por suicidar-se em resultado da continuação das mesmas. Quantas mortes acidentais não serão afinal intencionais?
Quando vemos um número no telejornal devemos ter noção que esse número representa os que tiveram a coragem de quebrar o silêncio e expôr a sua condição de vítimas. Mas seguramente muitos mais continuam sofrendo em silêncio, ancorados à vergonha, a crenças sociais, ao medo de represálias ou à dificuldade em admitir que o seu conto de fadas não teve um final feliz....

Ivar C disse...

nikky, isso é verdade. de qualquer maneira, neste caso específico, 17 mortes em três meses já ultrapassou muito o que eu podia imaginar ser verdade... :|

Ana Lúcia Pestana disse...

Lido diariamente com esta problemática e todos os dias tento fazer a diferença na vida de alguém.
A etiqueta "violência doméstica" aqui no teu blog, tivesses ou não noção desta realidade, mostra que te preocupas.
A violência não vai acabar por decreto-lei. Combate-se pela exposição, pelo debate, pela indignação. E esta tem sido a tua forma de fazer a diferença! :)

Anónimo disse...

eu vi o noticiario
sao uns cobardolas...mesmo
a mulher vai perdoando por amor e pensar que mudam e mesmo numa socidade supostamente mudada para melhor ainda ha muito medo...

ha a violencia fisica,mas a verbal(psicologica) e muito pior

nao te esqueças que o homem as vezes tb sofre com mulheres violentas...naos e riam porque e verdade e ai o estigma e mto mais violento e mais possivel de ser muito mais escondido..........

violencio e um tema de debate que da pano para mangas

Ivar C disse...

nikky, eu concordo que a violência não vai acabar por decreto-lei, mas acho a que a legislação pode ser importante para a combater. é o caso da recente aprovação na assembleia da lei que contempla o divórcio unilateral. não resolve mas é um passo civilizacional importante.
e sim, a todos os níveis acho que podemos todos fazer a diferença. A vergonha tem que ser sentida por quem pratica violência e não por quem a sofre. :)

luadoceu, eu nem vi o noticiário mas ainda bem que mais uma vez falou na questão. :I

Ana Lúcia Pestana disse...

Sem dúvida que a legislação é muito importante. Outro exemplo é a lei que consagra a violência doméstica como crime público.
Mas para mim, os contributos mais importantes vêm das pessoas "comuns".

Ivar C disse...

nikky, concordo contigo. essa é a grande questão da lei. pessoas comuns fazem leis para pessoas comuns. :)

Anónimo disse...

bem, se em 3 meses houve 17 vitimas mortais é porque pelos menos terão havido para aí umas 17 000 ou 170 000 vítimas de agressão... é muito e muito grave...

Ivar C disse...

that's all folks, sim, essas contas são legítimas.. se morrer uma em cada mil. :)