6.30.2007

conversa 264

Ela - Não estou numa de me ligar a nada, percebes? ando a dormir com o XXXXXX só para ter sexo...
Eu - Não deve ser só por isso.
Ela - Ele não é um gajo qualquer na minha vida. Isso não... mas sabe tão bem como eu que isto não dura sempre.
Eu - Não sei. Por mim tudo bem. Já fiz isso e não gostei muito, para ser sincero.
Ela - Não? Porquê?
Eu - Porque não. Não consigo mesmo andar a pensar em mais do que uma mulher ao mesmo tempo. Se calhar sou limitado...
Ela - Se pudesses ir prá cama comigo hoje, assim só na boa, ias?
Eu - Não.
Ela - Não ias mesmo?
Eu - Não.
Ela - Mas... é por isso que não me telefonas há que tempos? Tens alguém?
Eu - Tenho alguém a ocupar-me o objecto cardíaco. Só isso...

electro-bossa



Porque o índice ivariano se encontra alto, porque a fatyly me atribuiu o prémio blog com grelos, porque a maior parte das leitoras deste blog (e pronto, também dois ou três leitores) são boa onda, porque estou apaixonado por bossa nova, e também porque sim, deixo aqui o link rapidshare dum cd que é impossível não gostar. Versões do Bob Marley em electro-bossa que ninguém deve deixar de ouvir. Faz bem, fica-se feliz.

as mulheres gostam de homens fardados

Um gajo de Paredes fartou-se de ter encontros amorosos com mulheres à custa dum anúncio (ver edição JN) em que dizia ser um militar da GNR. Quer dizer, fartar até parece que não se fartou, mas a própria instituição fez uma investigação para descobrir se o tipo era mesmo daquela força de segurança e acabou-lhe com o esquema.
Daqui só tiro uma conclusão: as mulheres gostam mesmo de homens fardados e eu, definitivamente, tenho que mudar de emprego. Por isso é que ninguém respondeu ao anúncio em que eu fingia ser talhante, a ver se arranjava uma ou duas moças robustas, partindo do princípio que elas gostam de quem saiba mexer em carnes. Quer dizer, ainda cheguei a receber um telefonema, para ser sincero, mas a voz era demasiado grossa para o meu gosto e desliguei. Agora abro o JN e percebo tudo: elas querem é fardas. Foda-se (só em pensamento).

amendoins

Ai!... comi uns amendoins esta noite e agora estou com dores de barriga. Não foi da cerveja nem do vermute. Foram os amendoins... o índice ivariano sobe mais um valor, e está agora em dezassete (er nå er)

bom fim de semana com cinco cenas

1] Fazer uma ordem de despejo é sempre um processo doloroso, mesmo quando não tínhamos a relação mais pacífica do mundo com a inquilina antiga. Esta coisa de manter o objecto cardíaco só com um quarto não é fácil, mas pronto, lá terá que ser.
2] Estou mesmo a precisar dum copo. Isto de trabalhar ao fim de semana, incluindo noites, não é fácil. Não é a coisa mais difícil do mundo, e eu sei que há coisas muito piores no mundo, mas deixem-me lá dizer isto. Estou ansioso por ir pr'Aveiro beber um copo no melhor bar do mundo.
3] Não estou triste. Até estou numa fase feliz, mas não me sinto como se estivesse a dançar. Gosto desta cena das irmãs tesouras. Ouçam sempre que quiserem.
4] Em Espinho há um restaurante na rua 19 que vende pizzas com batatas fritas. Para além disso ser estranho, é também o restaurante mais barato que conheço neste país. Uma pizza (com batatas fritas) e uma bebida de lata custa 3 euros. Sim, 3 euros. A sério. Chama-se Cristo Rei e fica na rua 19. Os empregados têm sempre um ar de quem anda com o mundo às costas. Se calhar andam mesmo.
5] Estou a cheirar a suor e a óleo de máquinas de cinema, por causa dum problema técnico que tive esta tarde. Se calhar é melhor não me aproximar de nenhuma mulher esta noite.

6.29.2007

conversa 263

Ele – Eu não gasto uma folha de papel higiénico há anos...
Eu - Ah!
Ele (apontando para o rabo) – Ponho o chuveiro assim por aqui. A água corre por aqui...
Eu – Ah!
Ele – E não ando com as unhas cheias de merda.
Eu – Ah!
Ele – Depois lavo as mãos e tiro aqueles bocaditos que ficam entranhados...
Eu – Ah!
Ele – A minha mulher tira o papel aos cinco e seis bocados de cada vez...
Eu – Ah!
Ele – Jasus...
Eu - Ah!

conversa 262

Ela - Eu estava primeiro que este senhor.
Eu - Por acaso não estava.
Ela - Ai! Por acaso estava, faz favor.
Eu - Eu vi-a a entrar por aquela porta há dois minutos.
Ela - Eu também o vi a entrar por aquela porta há dois minutos.
Eu - Então podemos os dois entrar num episódio da twilight zone...
Ela - O quê?
Eu - Nada. Registe lá o euromilhões depressa. Não estou pra me chatear.
Ela - Não percebi o que disse mas não gostei. Se estivesse aqui o meu marido...
Eu - O seu marido conhece a twilight zone?
Ela - O quê?
Eu - Nada. Registe lá o euromilhões depressa. Não estou pra me chatear.

respostas a perguntas inexistentes (5)



A casa estava oca por dentro. Tinha sido abandonada. Aquelas janelas olhavam-me mendigando atenção. Lembrei-me dos olhos dela quando estávamos, no restaurante, frente a frente. Eram os mesmos. Ela estava oca por dentro. Eu também, para ser sincero, só que eu não o admitia. Levei-a a casa nessa noite e nunca mais lhe telefonei.

fé sacrificial

Uns bacanos quaisquer puseram-me um jornal no pára-brisas do carro, chamado Folha de Portugal, para eu ler depois de tomar café. Cool! Pensei. No princípio fiquei desiludido porque não vi nenhuma página de futebol, mas mesmo assim insisti.
Numa página, o bispo Edir Macedo dá como exemplo de fé sacrificial, Abraão. Abraão, lembro, foi um gajo que esteve quase a matar o seu filho Isaac porque Deus lhe pediu para o fazer. Eu pessoalmente, se ouvisse uma voz a dizer-me que tinha que matar o meu filho, mandava-a pró caralho imediatamente e, lá em casa, punha todos os chás que costumo beber no lixo. Provavelmente um dele andava-me a fazer mal.
O mais giro, no entanto, é que logo na página seguinte o jornal fala do trabalho infantil em Portugal, alertando que muitas crianças portuguesas ainda são exploradas.
A conclusão disto é que não se deve pôr os putos a trabalhar, e isso até concordo (com excepção para aqueles putos totós da JSD e não fazem nada na vida a não ser lamber as botas dos mais velhotes), mas se ouvirem uma voz a dizer para matarem um puto, nem que seja o vosso filho, estejam à vontade para o fazer. Não passa dum sacrifício pedido por Deus.

conversa 261

Ele - Estás a mandar mensagens há meia-hora. Não tens nada de jeito para fazer?
Eu - Não pá... a única coisa que podia fazer aqui era falar contigo...
Ele - Para quem é que estás a mandar tantas mensagens?
Eu - Para o mundo.
Ele - Queres ficar sozinho?
Eu - Quero.

6.28.2007

porque é que os homens morrem antes das mulheres

Há dias estava no melhor bar do mundo com uma amiga e ela disse-me que havia mais mulheres do que homens lá dentro. Contei e era verdade. Estavam aí umas vinte e cinco mulheres e uns vinte homens. Aqui está a justificação. Recebi estas imagens agora, por email. Se calhar já tinham visto mas não importa. Vejam outra vez.








Branca de Neve

Definitivamente, um dos maiores erros da literatura clássica infantil, é a merda do princípe e da princesa viverem felizes para sempre depois dele a salvar de qualquer perigo.
Na prática, por exemplo, quando o príncipe, na história d' A Branca de Neve, a acorda do sono prolongado com um beijo, estou mesmo a ver a reacção verdadeira dela: - "Opá! Antes de irmos pró castelo, passamos numa loja porque eu tenho que comprar cremes... de dormir tanto estou com a pele um bocado seca". O príncipe subia pró cavalo e dizia "Hoje não dá, querida. Para irmos à loja mais perto temos que fazer um desvio de trezentos quilómetros". A Branca de Neve deitava-se outra vez e amuava. O príncipe, depois de telefonar para o castelo a anular uma reunião importante, lá acabava por ceder. Depois pararem cinquenta e quatro vezes durante o caminho, ou porque ela estava cansada, ou queria mijar ou tinha dores de cabeça, ela tornava a amuar porque o cartão VISA dele tinha abanda magnética estragada devido à viagem.
Isto sim, seria educar os futuros homens deste país.

xadrez 10

acordei

hoje acordei de manhã, mesmo de manhã, pela primeira vez em meses. Para ser sincero, há um ano que eu não acordava às sete e vinte e seis da manhã, levantava-me e ia tomar café. O índice ivariano sobe dois valores... para dezasseis.

telemóveis

Ontem encontrei um telemóvel no comboio. Esperei que alguém ligasse e atendi. Disse que tinha encontrado o telemóvel e queria encontrar o dono. Do outro lado um gajo, que em vez de cérebro tem um pedaço pequenino de cloaca de galinha, disse-me que não me dava a morada de ninguém e que eu tinha que ir a Rio Tinto entregar-lhe o telemóvel. Mandei-o foder, literalmente. Entretanto atendi mais duas pessoas, diferentes, que se disseram mãe da menina dona do telemóvel, e deram-me duas moradas diferentes para eu enviar o achado pelo correio. Hoje entreguei-o na polícia.
Há bocado uma delas telefonou-me para o meu número (que eu, na minha boa fé, tinha dado ontem). Eu disse-lhe para ir à polícia e expliquei-lhe que, cada pessoa só costuma ter uma mãe, e como aquela parecia ter duas eu não sabia em qual delas acreditar. A tipa pergunta-me como é que era o telemóvel que eu tinha encontrado. Pergunte à sua filha, disse-lhe eu. Foda-se (só em pensamento).

6.27.2007

conversa 260

Ele - Porque é que não vais em frente?
Eu - Sei lá.
Ele - Foda-se! tens trinta e cinco anos, pá.
Eu - Eu sei.
Ele - Passaste demasiado tempo casado.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

pensamentos catatónicos (82)

Tinha prometido a mim mesmo que... sei lá... que não me ia meter noutra tão cedo...

conversa 259

Ela - Vivia com o meu gato desde os dezasseis anos. Casei-me aos vinte e dois e divorciei-me aos vinte e seis. O meu ex-marido foi-se. O gato continua.
Eu - Hum... eu tive uma tartaruga.
Ela - É parecido mas não largam pêlos. Eu sou mais tolerante aos gatos do que aos homens.
Eu - Se calhar também sou mais tolerantes às tartarugas do que às mulheres.
Ela - Pois.
Eu - Mesmo assim dei a minha.

conversa 258

Ela - Tu estás estranho?
Eu - Estranho?! Eu?! Não...
Ela - Estás, estás...
Eu - Não estou nada.
Ela - E não é normal estares tantos dias sem me telefonares...
Eu - Também não é normal passar semanas a telefonar a alguém com quem quase não saímos... só falamos pelo telefone...
Ela - Estás a ver? Estás estranho...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

azeitonas

Fixem bem este projecto inovador: Os Azeitonas. Fizeram a melhor música desde 1873 até 2009. Quer dizer, pelo menos a letra é fantástica, e eu dou muita importância às letras...

crónicas da cidade que sopra | segredos do verão passado

Amanhã, no Diário de Aveiro, é publicada mais uma crónica da cidade que sopra.

É um segredo. Uma mulher encostou-se à sua própria sombra, na parede do quarto, e pinta as unhas dos pés de vermelho vivo. Vai apoiando, um a um, os dedos dos pés no dedo indicador duma das mãos, enquanto com a outra pincela-os com vestígios de vida. Tão viva, que finalmente ela sente-se a acordar da solidão que a aconchegou durante a noite. Daqui a pouco vai sair de casa, para cumprir mais um dia num emprego onde se habituou a contar o tempo. As horas, os minutos e os segundos. Vai calçar uns sapatos fechados, deixando as sandálias a asfixiar num saco de plástico onde as arrumou no fim do Verão passado, e por isso só ela é que sabe que tem as unhas dos pés pintadas. É um segredo.

6.26.2007

conversa 257

Ela - Há uma regra de ouro nas amizades coloridas: uma queca tem que equivaler a uma semana de silêncio. Isso evita paixões.
Eu - Mas eu não quero evitar paixões. Paixão não significa casamento e vida conjugal, nem sequer monogamia.

eu gosto é do Verão

Ando com esta música no ouvido e, como a encontrei na net, passo-vos o link rapidshare. Divirtam-se!
Na primavera o amor anda no ar / Na primavera os bichos andam no ar / Na primavera o pólen anda no ar / E eu não consigo parar de espirrar
No Verão os dias ficam maiores / No Verão as roupas ficam menores / No Verão o calor bate recordes / E os corpos libertam seus suores...
Eu gosto é do Verão / de passearmos de prancha na mão / Saltarmos e rirmos na praia / de nadar e apanhar um escaldão / E ao fim do dia bem abraçados a ver o pôr do sol / Patrocinado por uma bebida qualquer
No outono a escola ameaça abrir / No outono passo a noite a tossir / No outono há folhas sempre a cair / E a chuva faz os prédios ruir

No inverno o natal é baril / No inverno ando engripado e febril / No inverno é Verão no Brasil / E na Suécia suicidam-se aos mil...


conversa 256

(com um amigo meu que pagou para se inscrever num site de encontro amorosos, enquanto eu o via a procurar mulheres na base de dados)

Eu - Mas... a maior parte não tem fotografia.
Ele - Pois... quando não têm fotografia é porque são um bocado gordas...
Eu - Ou tímidas, não é?
Ele - Geralmente é por causa do peso.
Eu - De certeza?
Ele - Sim. Já percebi isso...
Eu - Ena. Há éne de Aveiro. Não fazia ideia...
Ele - Pois há, vês? Em Aveiro é só miúdas... Devias inscrever-te nisto também...
Eu - Quanto custa?
Ele - 29 euros por mês.
Eu - Foda-se. Não sei porquê mas não acho que seja a melhor forma de conhecer miúdas.
Ele - És um forreta.
Eu - A sério. Acho mesmo uma tanga. Mesmo para gostar a sério duma que se conhece pessoalmente já é tão raro. Não me vou meter nessa merda, pá.
Ele - Daqui a uns anos, quando tiveres a minha idade e ainda estiveres na merda, logo te inscreves.
Eu - Eu não hei-de chegar aos 44 anos sem encontrar alguém.
Ele - Eu também pensava isso... na tua idade.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

leituras...

O JMO quer saber quais foram os últimos cinco livros que eu li. Aqui estão, com passagens e tudo. Nenhum tem a ver com mulheres.


1] Como Nunca se Esquecer de Baixar a Tampa da Sanita, de Walter Klism, 2007
Os primeiros três divórcios da minha vida foram por causa de tampas de sanita. Quando elas iam à casa de banho e se punham aos gritos, eu já sabia o que era: tinha-me esquecido de baixar a tampa da sanita. Foi por isso que, a partir do meu quarto casamento, procurei estratégias para que tal nunca mais me acontecesse. Hoje, posso-vos garantir, o meu décimo segundo casamento já vai em duas semanas e ainda não me esqueci uma única vez de baixar aquela merda. Foi para evitar que se casassem tantas vezes que escrevi este livro.


2] Como Perceber se a Mulher quer Realmente Comer as Entradas Quando se Vai a um Restaurante, vol.III , de Jack Hall, 2004
A primeira vez ela limitou-se a abanar a cabeça em forma de negação. Eu mandei as entradas de camarão para trás, pois estava teso que nem um carapau e já sabia que ia pagar a conta com o cartão VISA. Mandei vir o vinho e ela disse que aquele tinto devia ficar bem com o camarão. Tremi logo. Jantámos um prato de peixe, um de carne, duas sobremesas cada um e no fim perguntei-lhe se tinha gostado. Ela disse que sim e abraçou-me. Depois disse que só tinha faltado camarão.


3] O suicídio Não é Solução, de Ingmar Blood, 2001
Ele tentou matar-se quando ela lhe perguntou se ele a considerava o amor da vida dele ou apenas um objecto sexual. Sabia que, qualquer que fosse a resposta dada, os próximos dias iam ser um inferno. Atirou-se do quinto andar mas não morreu. A queda foi amortecida por um automóvel que ia a passar cheio de romenos lá dentro e com um colchão em cima. Esteve em coma, no hospital, seis meses. Quando acordou pela primeira vez, ela lá estava, cândida e bonita como sempre. “Não me chegaste a responder se eu sou o teu amor ou apenas um objecto sexual”- disse.


4] Contornando Silêncios no Casamento, de George Prostat, 2005
Quando ela não fala durante mais de cinco segundos consideramos um silêncio. Há silêncios de vários níveis, consoante a duração e a cara dela. O silêncio mais temível é o silêncio de nível oito, que é aquele em que ela pega, por engano, na nossa camisola preferida, e limpa o chão da casa de banho com ela.


5] Escolhendo a Prenda de Aniversário, de Eduard Gift, 2005
Ela vai sempre dizer que gostou muito, no momento em que desembrulha a prenda. Não ligue. Apenas duas semanas depois, mais ou menos, é que é possível o leitor perceber se ela realmente gostou da prenda ou não. Normalmente, mas isso varia de mulher para mulher, o primeiro sinal de que ela não gostou, é a sua garrafa de uísque preferida, aquela que andava a guardar há anos para quando o seu clube de futebol preferido fosse campeão, aparecer todos os fins de tarde mesmo na beirinha da mesa de jantar. Ela está, nitidamente, à espera que a parta sem querer.

olhinhos

Estava a chover naquela noite. Ela disse-me que ia fazer olhinhos a um tipo que estava sentado, sozinho, a duas mesas de distância da nossa. Perguntei-lhe se queria me afastasse. Não, disse ela. Reparei que ele tinha um moleskine igual ao meu onde, nesse momento, batia com a ponta duma esferográfica. Queria escrever qualquer coisa mas não sabia o quê.
Estava a chover naquele dia. Ela afastou o copo de cerveja com a ponta dos dedos e atreveu-se. Impeliu-o com a crueldade dos seus brandos olhos. Eu abri o meu moleskine. Queria escrever qualquer coisa mas não sabia o quê.
Estava a chover naquela noite. Pelo canto do olho vi-o a rasgar uma página do caderno. Ninguém rasga páginas dum moleskine, pensei. Depois levantou-se e caminhou até à nossa mesa. Abriu-lhe a palma da mão e, nela, agasalhou o papel dobrado fechando-lhe os dedos. Segredou-lhe qualquer coisa e saiu.
Estava a chover naquela noite. Ela abriu a mão e deu-me o papel a ler. Era um número de telefone. Telefona-me, tinha-lhe ele pedido. Ela riu-se e assumiu um ar de vitória. Estava no pódio. Lá em cima.
Estava a chover naquela noite. Bebemos mais uma cerveja e, depois, talvez ainda outra. Demorámos mais meia-hora. Quando saímos do bar ele estava cá fora, encharcado pelo logro húmido. Nessa noite, antes de adormecer, finalmente escrevi qualquer coisa. Lembrei-me dum Natal em que abri, por engano, uma prenda do meu irmão. Era um avião que não chegou a ser meu.

conversa 255

Eu - Pois... eu percebo-te. Acho que também sou um homem de quem muitas mulheres gostam um bocadinho mas nenhuma gosta muito.
Ele - Não cries esse estigma. Há muitos factores a ter em conta para uma relação dar certo.
Eu - Mais ou menos. Não me estou a queixar. É uma questão estatística.
Ele - A estatística admite erros...
Eu (risos) - Fixe. Andamos todos à procura do erro, então?
Ele - Exacto.

6.25.2007

conversa 254

Eu - Uma tosta de queijo e um fino, por favor.
Ela - Tostas de queijo não temos...
Eu - Mas está ali escrito na parede "tostas mistas".
Ela - Sim, tostas mistas fazemos.
Eu - Então... se faz tostas mistas não é capaz de fazer uma só com queijo?
Ela - Ah! Quer uma tosta mista sem fiambre. É isso?
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 253

Ela (pousando o café) – A sua esposa saiu daqui agora há bocadinho.
Eu – Não deve ter saído.
Ela – Saiu, saiu. Era ela...
Eu – Ok. Obrigado.
Ela – Dantes os senhores vinham aqui os dois. Ela agora tem vindo sozinha. O senhor deixou de aqui vir...
Eu – Pois. Também não pretendo voltar mais vezes.
Ela – Ela vem muito aqui...
Eu – Posso tomar o café sozinho?
Ela – Pode, claro. Aliás, vai ter que o tomar sozinho. Não está com mais ninguém.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 252

Eu - Epá, desculpa lá. Quando me ligaste estava mesmo cheio de sono. Não te podia aturar...
Ele - Tudo bem. Desculpa lá ligar-te àquela hora da manhã...
Eu - Estás melhor?
Ele - Mais ou menos. A XXXXXX já voltou.
Eu - Fixe, então estás melhor...
Ele - Mais ou menos...
Eu (risos) - Mais ou menos não existe nesta merdas, pá. Deixa-te lá disso.
Ele - O que é que achas que eu devo fazer?
Eu - Tu é que tens que saber...
Ele - Mas eu não sei.
Eu - Às vezes sabemos e não queremos assumir que sabemos.

objectores de consciência

O Hospital Infante Dom Pedro já tem a Mifepristone, pílula abortiva usada na interrupção voluntária da gravidez. Também já iniciou o processo de aquisição da máquina de aspiração do feto. O artigo do semário "O Aveiro", em que li a notícia, diz ainda que apenas 30% dos 15 obstetras se declarou objector de consicência e que, por isso, a falta de recursos humanos para efectuar a IVG não se deverá colocar.
Mas... um funcionário público pode ser objector de consciência a uma das competências básicas do seu trabalho? Uau, eu também me vou declarar objector de consciência em tudo o que faço...

não gosta de homens ingleses, diz ela

A top model brasileira Gisele Brundchen, segundo o JN de hoje, não gosta de homens ingleses. Não é capaz de explicar a razão, simplesmente não gosta. Estava a pensar naturalizar-me inglês. Já não o faço.

6.24.2007

embriaguez

da elora, um comentário sobre emoções que promovo a post, até porque não se aplica só às relações amorosas entre pessoas, mas também entre governadores e governados, vendedores e clientes, patrões e trabalhadores, a minha vizinha de cima e o homem baixo que vive no rés do chão do prédio ao lado: O poder embebeda.

conversa 251

Ele - Tás acordado?
Eu - Acordaste-me...
Ele - Preciso falar contigo...
Eu - Deitei-me eram quase sete da manhã. Tenho que dormir mais um bocado...
Ele - A XXXXXX deixou a casa.
Eu - Deixou a casa ou deixou-te a ti?
Ele - Deixou-me a mim e foi-se embora.
Eu - Epá... era pior se te tivesse deixado e não tivesse ido embora. Deixa lá isso.
Ele - Foda-se!
Eu - A sério. Depois telefono-te. Tenho mesmo que dormir...

total Bagaço Amarelo's friends party

Na segunda-feira à noite o Bagaço Amarelo passa música no melhor bar do mundo. Entretanto vão-se preparando para o próximo dia 27 de Julho, dia em que, no Riff bar, há uma total Bagaço Amarelo's friends party, seja lá isso o que for. Mais informação oportunamente. :)

conversa 250

Ela - Eu já senti que tenho um certo poder sobre ele já comecei a abusar.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

6.23.2007

14 e pronto

Sinto-me a entrar num boa fase da vida. Apetece-me sair de casa sem nada combinado com ninguém e andar por aí... até me apetecer estacionar num bar qualquer à noite.
Acho que tenho uma relação de amor com Aveiro, e embora lhe reconheça defeitos nem sempre me apetece apontá-los. Hoje vou ser um glóbulo branco nas sua artérias. Apetece-me.
O índice ivariano sobe dois valores, fixando-se agora em 14. Como é que se escreve 14? É catorze ou quatorze?

conversa 249

Ela - Tu tens 35 anos?
Eu - Sim. Vou fazer 36 em Julho...
Ela - Não parece nada. A sério. Pareces muito mais novo.
Eu (só em pensamento) - Coooooooooooooooooool!

vida difícil

Este fim de semana está a ser difícil. Ontem fiz um jantar lá em casa e, quando demos por ela, eram quase seis da manhã. Estive agora a arrumar a casa e percebi que sete pessoas beberam quatro cervejas e oito garrafas de vinho tinto (várias marcas sempre alentejanas). Boa marca.
Hoje à tarde fui à praia comer areia, mas ainda deu para dar um mergulhito no mar. É difícil... a sério que é difícil...

6.22.2007

conversa 248

(borboleta, é sobre ti, esta)

Ele - Opá, adoro ler o blog daquela tua leitora...
Eu - Qual?
Ele -A borboleta. Escreve duma forma mesmo bonita.
Eu - Olha... ela é daí do Porto.
Ele - Eu sei...
Eu - É simpática, sim.
Ele - Desmond Morris diz que a forma como as mulheres escrevem é proporcional à beleza. Já leste?
Eu - Não.
Ele - Ela é bonita de certeza.
Eu - Como pessoa, pelo menos, é. Isso é o mais importante, não é?
Ele - É. Tens razão

pensamentos catatónicos (81)

Há mulheres que são capazes de fazer dum homem um ió-ió. Puxam, largam, puxam, largam. E um gajo vai... até que o fio parte.

conversa 247

(na net com alguém que se diz leitora deste blog)

Ela – O teu blog é verdadeiro?
Eu – Verdadeiro?
Ela – As conversas são verdadeiras?
Eu – Isso não se pergunta.
Ela – Não posso perguntar?
Eu - Podes. Mas eu não respondo.
Ela – Sabes porque é que nunca comento?
Eu – Não.
Ela – Porque acho que tu nem sequer és divorciado. Se calhar até és uma gaja.
Eu – Uau!
Ela – Pois.
Eu – É a primeira vez que me dizem isso. Tá fixe.
Ela – Tenho a certeza que se eu marcasse um encontro contigo nem aparecias.
Eu – E ela tinha bigode
Ela - ??????????
Eu - Ups... desculpa. Isto não era para ti. Era para outra conversa.
Ela - Quem é que tinha bigode?
Eu - Uma inglesa.
Ela - Tás a dizer isso a um gajo ou a uma gaja?
Eu - A uma amiga.
Ela - Tás a mentir.
Eu - Pois... mas tu tens razão.
Ela - Tenho?
Eu - Sim. Se marcasses um encontro comigo eu não aparecia.

a lei da selva

Não acrescento nem tiro uma única palavra a este texto de Manuel António Pina...

Almeida Garrett perguntava-se no século XIX quantos pobres seriam necessários para fazer um rico. Em Portugal, no século XXI, a resposta é 10. De facto, para que a situação económica em Portugal seja hoje "boa" para uns poucos ("bastante boa" para 8%, "muito boa" para 2% e decerto "muitíssimo boa" para a meia dúzia do costume), é "má" ou "muito má" para 90% dos portugueses. Os números são do Eurobarómetro, agora divulgado em Bruxelas, onde Portugal surge na cauda da Europa quanto à satisfação dos cidadãos com a situação económica. A jangada de pedra portuguesa vai à deriva a caminho do Terceiro Mundo e a responsabilidade não é de ventos e marés, é da marinhagem neo-liberal que nos tem conduzido. Os últimos governos de Portugal (o seu a seu dono do PS, do PSD e do CDS, todos "sociais" ou "socialistas" de nome) são os recordistas europeus da produção de pobres cada vez mais pobres e ricos cada vez mais ricos. E a coisa não ficará por aqui. Em 2008, iremos ter os piores aumentos salariais entre os países da OCDE. Um aumento real de apenas 0,2%, enquanto no resto da UE os aumentos vão ser de 1,4%. E os desempregados serão 7,1%, contra 6,6% na UE. O problema da desigualdade em Portugal já não é económico ou financeiro, é moral.

in Jornal de Notícias, 22 de junho de 2007 [Manuel António Pina]

coisas que fascinam (54)

É bom poder falar horas a fio de coisas que não interessam para nada, a não ser precisamente para serem faladas por pessoas que se gostam mas ainda não têm assunto.

coisas sobre mulheres que leio nas portas de casas de banho públicas (2)

Adriana adobeir komer a tua mães

casa banho do centro multimeios de espinho, quarta porta.

abro os olhos pela primeira vez no dia

Abro os olhos pela primeira vez no dia, e ouço o vaivém das pestanas a tocar no lençol. O corpo ainda não moveu nenhum dos seus componentes. Nem um lábio, nem um dedo, nem um braço, nem uma perna. Só as pálpebras piscaram duas ou três vezes. Talvez quatro, não interessa.
Abro os olhos pela primeira vez no dia, e agasalho-me no silêncio opaco que dormiu a noite toda ao meu lado. Quieto. O rádio observa-me. O despertador também, a toalha pendurada na porta também, as gavetas abertas do camiseiro também.
Abro os olhos pela primeira vez . Conto os dias a partir de hoje, que o nascimento de Cristo não me interessa mesmo nada. Nem sei bem que é o gajo. Sei que este é o dia zero, e se a vida são dois dias zer0 tem que amar doi2. Talvez possam até sair esta noite.

mulheres que eu gostava de poder não compreender (55)


nome: Carice van Houten
origem: Leiderdorp, Holanda
info: Nasceu em 1976. Vi-a agora no último filme do Paul Verhoeven, Black Book, e, para quem viu o filme, prometo que vou começar a coleccionar selos. Não digo mais nada...

a prostituta judia

O JN de hoje avança com uma teoria nova para justificar o holocausto: o Hitler era um putanheiro e apanhou sífilis por causa disso. Como se convenceu que apanhou a doença através duma prostituta judia decidiu matar todos os judeus do planeta. Hum... hum... hum...
Se isto for verdade, e mais uma vez, a culpa toda é duma mulher e não dum homem. O gajo até era um tipo porreiro, pá: ajudava velhinhas a atravessar a rua, comprava rebuçados às crianças da rua, etc, etc. Mas depois meteu-se com uma mulher...

conversa 246

Ela – Se amanhã chover ainda vou ao jantar em tua casa.
Eu – Só se chover?
Ela – Sim. Se não chover tenho coisas mais interessantes para fazer.
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

6.21.2007

a mulher gorda

Uma das coisas a que sobrevivi (intelectualmente) quando era puto, foi a uma série de gajos com tambores a cantar uma música completamente idiota a que chamavam “a mulher gorda”. Eu tinha doze anos e ia sempre ver os jogos do Beira-Mar fora de Aveiro. Gostava muito, mas no autocarro aquilo é que era sofrer, horas a fio com meia dúzia de homens a tocar tambor e a obrigar os passageiros todos a fazer coro daquilo. Nunca percebi como é que nunca houve nenhum acidente. A letra da música era assim:

A mulher gorda a mim não me convém. Eu não quero andar na rua com as banhas de ninguém.
A mulher magra a mim não me convém. Eu não quero andar na rua com o esqueleto de ninguém.
A mulher alta a mim não me convém. Eu não quero andar na rua com o escadote de ninguém.
A mulher baixa a mim não me convém. Eu não quero andar na rua com as muletas de ninguém.
A mulher doutora a mim não me convém. Eu não quero andar na rua com os volumes de ninguém.
A mulher do Mickey a mim não me convém. Eu não quero andar na rua com a rata de ninguém.
A mulher bonita a mim já me convém. Eu só quero andar na rua com a beleza de alguém

O refrão, que se repetia insistentemente entre os versos, era assim: Ai, Ai, Ai, Ai, eu gosto dessa mulher. Quero tê-la ao pé de mim, beijá-la quando quiser

Podem achar esquisito, mas numa letra tão estúpida quanto esta há algo de surpreendente. Algo que, conscientemente, se aparta dos métodos cognitivos habituais no ser adulto, para se aproximar oniricamente da herança do surrealismo que André Breton sonhou. É algo que nos liberta para um mundo melhor, onde os laços emocionais entre o homem e a mulher se tornam leve e sujeitos apenas à correnteza da imaginação. Resumindo... o que é aquela merda ali do Mickey e não querer andar na rua com a rata de ninguém? Foda-se, pá. Metem uma criança nisto, depois querem que ela, já adulto divorciado, seja normal...
Ah! de resto a letra é super romântica, isso é...

conversa 245

Acabei de receber um telefonema muito estranho, supostamente duma empresa de Viseu que marca encontros com alguém que, depois de uma profunda análise, nos marca um encontro com uma mulher que encaixa no nosso perfil. Fartei-me de perguntar à senhora onde é que tinha arranjado o meu número de telefone mas ela não me explicou. Acabei por perder a paciência e ser antipático. Juro que não atendo mais chamadas quando não der para ver o número de origem. Foda-se (só em pensamento).


Ela – Depois duma profunda análise ao perfil de ambos chegámos à conclusão que devemos marcar um encontro...
Eu – Mas como é que arranjou o meu número de telefone?
Ela – Somos uma empresa de meeting e...
Eu – De quê?
Ela – Meeting... temos a maior base de da...
Eu – Mas eu não me inscrevi em nada. Tem que me dizer como é que arranjou o meu número de telefone...
Ela – Somos uma empresa... temos aqui o perfil duma candidata de Viseu...
Eu – Não me interessa o que são. Como é que arranjou o meu número de telefone?
Ela – Estou a perceber aqui um problema qualquer...
Eu – Eu não me inscrevi em nada, não quero conhecer gaja nenhuma de Viseu e não quero que me telefone mais. Fui claro?
Ela (desligou)

pregos

Já escolhi o banco para onde vou transferir todos os pregos do meu caixão, depois de ter exposto a minha vida a oito pessoas diferentes. Hoje de manhã lá optei pelo BES. Dentro de dois meses, mais ou menos, vou voltar a ser um gajo com alguns trocos no bolso. Agora vem aí o terror da burocracia toda outra vez, mas até nesse aspecto o BES é o menos exigente...

conversa 244

(pelo telefone)

Ela - Já estás em Aveiro?
Eu - Vou sair agora de Espinho. Só chego a Aveiro lá para a uma da manhã...
Ela - Queres passar aqui em casa e beber um copo?
Eu - Quero. Altamente, claro que quero. Já não me lembro é do andar... quando estiver aí dou-te um toque para o telemóvel.
Ela - Fixe! é que preciso que vejas o que se passa com o meu computador. Esta cena está toda marada e nem consigo ir à net.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

6.20.2007

estou deprimido gosto de uma miúda que não pode ser minha

Há algum tempo que eu não falo das buscas no google que vêm aqui dar. Para além de me solidarizar totalmente com os cerca de quarenta por mês que escrevem no google não compreendo as mulheres, achei interessante as seguintes cinco pesquisas.

estou deprimido gosto de uma miúda que não pode ser minha
Deixa lá. Eu gosto de três ou quatro que não podem ser minhas. Pior, poder até podem, o que é não querem. Ou eu sou muito velho, ou sou muito novo, ou agora nesta fase não dá para ter uma relação, ou eu sou fixe mas não faço o perfil, ou outra merda qualquer. Eu percebo, mas vai-te habituando.

mulheres levar um não
hum… hum… quem costuma levar um não são os homens. Eu, pelo menos, lá em casa já tenho uma colecção de nãos. Alguns são interessantes, outros nem por isso, mas há um que guardo com especial estima e carinho, e que é mesmo edição de coleccionador, raríssimo, e que diz "tu? Nem que eu estivesse numa ilha deserta"

o que fazer quando 1 mulher não nos fala
esta é fácil. Olha, vai-se para casa e gasta-se o salário todo em chamadas de valor acrescentado para falar com sul americanas que nos dizem “si, si, cariño… me gustas mucho”. Depois bebe-se uma garrafa de uísque.

trintões bonitos
Quem é que fez esta busca? Sou eu, sou eu… a sério. Acredita… acredita... por favor. Chuif... sou eu... eu... eu... eu...

como dizer a uma gaja que não gosto dela
Chegas ao pé dela e dizes "não gosto de ti". Já agora, depois dá-lhe o meu número de telefone.

conversa 243

(ao telefone)

Ela - És um palerma, sabias?
Eu - Não, claro que não. Uma das condições para ser palerma é não saber que se é.
Ela - Portanto és, certo?
Eu - Não, não sou. Se te disser que sou deixo de o ser.
Ela - Muito engraçado...
Eu - E tu? És palerma ou não?
Ela - Sei lá!

respostas a perguntas inexistentes (4)



Ela perguntou-me o que é que eu estava ali a fazer. A ver o ceú, respondi-lhe. Depois, perante o seu silêncio abrupto, insisti que precisava estar sozinho. Ela respondeu-me que todo eu era um absurdo e depois afastou-se. Eu, de facto, não estava a ver o ceú, mas foi a partir desse momento que comecei a acreditar que ele não estava ali só por acaso.

conversa 242

Ela – Eu vi-me sempre como a culpada da nossa separação.
Eu – Isso é um erro. Não podes ver isso assim.
Ela – Para mim, se ele acabou com tudo, era porque eu tinha falhado em alguma coisa...
Eu (silêncio)
Ela – Mas agora já não penso assim.

coisas que fascinam (53)

Ontem tive uma noite boa. Pronto, é só isso... vale a pena andar por aqui e conhecer pessoas novas :)

crónicas da cidade que sopra | dois segundos

Amanhã, no Diário de Aveiro, por ser quinta-feira.

Dois segundos. A matinal e branda luz do quarto acariciou-a quando abriu pela primeira vez os olhos, e adormeceu-a por mais alguns minutos. O corpo agradeceu, que se sentia cansado por mais uma noite de insónias. A alma também, que há muito tempo ninguém a acariciava assim ao acordar. Foi uma carícia de dois segundos apenas, talvez, mas que a fez aninhar-se nos lençóis em posição fetal, e lhe apagou na memória a linha de instrução que a obriga a levantar-se cedo todas as manhãs.

6.19.2007

sombras

Um amigo disse-me hoje que uma relação não pode ter sombras, e eu percebi. A sombra duma relação antiga, a sombra dum desejo actual ou a sombra duma incerteza futura, são sombras que fazem descer imediatamente a temperatura numa relação. O problema é que, quando olho à minha volta, vejo que projecto sombras em várias direcções. Umas mais densas, outras menos, mas nem por isso deixam de ser sombras...

frigideiras no céu

Hoje à noite vou ver frigideiras no céu. O índice ivariano sobe um valor, para doze. Estou mesmo a precisar...

conversas 241

Ela – Mas tu agora só te dás com pitas?
Eu – Com pitas?! Qual é a tua? Ela tem quase a tua idade...
Ela – A minha idade?! Não me fodas.
Eu – Tem menos dois anos do que tu.
Ela – O quê?! Pergunta-lhe o que é que ela faz para parecer tão novinha.
Eu – Infelizmente já sei.
Ela – O que é?
Eu – Só tem relações casuais. Assim não não se chateia com nada.
Ela – Na cama é melhor do que eu?
Eu – Sei lá...
Ela – Nunca foste prá cama com ela?
Eu – Com ela já mas contigo não.
Ela – Ah! Pois, é verdade...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

respostas a perguntas inexistentes (3)



Depois da última bola ter entrado fiquei a olhar para o guarda-redes que tinha sofrido o golo. A inexpressão dele fez-me recuar algum tempo, até ao dia em que ela me disse que se ia embora. Perguntei-lhe se era para sempre, e ela respondeu da mesma forma que aquele guarda-redes ao último golo: com ausência.
Foi a primeira vez que percebi que não era tudo mau. Agora tinha a oportunidade de voltar a relacionar-me com uma mulher cuja face comunicava alguma coisa, fosse choro ou riso. Ela perguntou-me, do outro lado dos matraquilhos, se eu queria jogar mais. Contigo jogo eternamente, respondi. Ela jogava melhor que eu...

pensamento catatónicos (80)

A vida, às vezes é um ringue de boxe onde lutam a possessão e o amor. Normalmente perdem os dois.

mulheres do Jacinto Leite

Cheiram sempre a litradas de perfume e pintam de preto as raízes dos seus cabelos loiros. Tratam os filhos por você e também são tratadas por eles assim. Nunca cozinharam na vida a não ser, talvez, uma vez quando o Lyons Club da terrinha delas organizou um piquenique em vez dum jantar no Hotel mais caro lá do sítio. Mesmo assim estão sempre a dizer mal das empregadas: que são preguiçosas e não se consegue arranjar nenhuma decente. Não se lembram da última queca razoável que mandaram e, para compensar, passam os fins de semana a jogar bridge à janela e a dizer mal das estudantes que passam do outro lado.
Os maridos delas (e nunca elas), assumem nomes como Jacinto Leite Capelo Rego, têm uma foto do cardeal Cerejeira escondida na carteira, e doam à instituição de caridade nacional, CDS-PP, milhares de euros em troca de nada. Tenho pena que o Portas já não seja jornalista. De certeza que era capaz de escrever um artigo interessante sobre isto.

conversa 240

Eu - Ainda bebes um copo?
Ela - Não. Vou pra casa.
Eu – Eu levo-te a casa...
Ela – Não.

6.18.2007

coisas sobre mulheres que leio nas portas de casas de banho públicas (1)

Vinha cheio de pressa para ter tempo antes de, daqui a bocadinho ir ver o filme do Paul Verhoeven no cineclube, passar aqui pelo cybercafé. Parei num café e pedi um fino e uma tosta mista. Enquanto esperava fui à casa de banho e lembrei-me de abrir aqui uma nova rubrica: coisas sobre mulheres que leio nas portas de casas de banho públicas.

O Palo é pandeleiro e não tem piça prá Adriana

conversa 239

Ela – As mulheres, e digo todas, gostam sempre de alguma violência na cama.
Eu (silêncio)
Ela2 – Uma palmadita no rabo de vez em quando, percebes?
Eu (silêncio)
Ela (virando-se para Ela2) – Não, ele não percebe… eu sei que ele não percebe, percebes?
Ela2- Ah!
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

conversa 238

Ela – Gostava de te ver…
Eu – A sério?! Isso é uma boa notícia…
Ela – falar pelo telefone não chega, percebes?
Eu – Sim, percebo.
Ela – É que tens uma voz monocórdica e, ao telefone, és muito antipático. Mas eu conheço-te e sei que é só ao telefone…
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

segredos...

Estatisticamente, com base em conversas que eu tive com amigos meus e na minha própria experiência, acho que é justo dizer que, quando um homem e uma mulher estão juntos intimamente pela primeira vez, é quase sempre a mulher que pede para manter segredo.

conversa 237

Passei a manhã em bancos, a ver se consigo melhorar o meu actual crédito à habitação. Já percebi que é possível. Esta conversa foi com a miúda mais giraça que me apareceu à frente, com uma mini-saia e um decote até ao umbigo. Infelizmente, saias e decotes não chegam para um gajo escolher o banco menos filho da puta para onde vai transferir o crédito à habitação.

Ela – Já está mesmo divorciado?
Eu – Estou.
Ela – Sabe que a sua ex-mulher tem que assinar, não sabe?
Eu – Sei, sei… isso não há problema.
Ela – Sabe que tem que ter uma certidão de divórcio para fazer a escritura?
Eu – Olhe, a sério que sei isso tudo. De si só quero que olhe para o meu crédito à habitação actual e me diga se este banco é capaz de fazer melhor. Eu vou aos bancos todos e depois escolho o que mais me interessar. Só lhe disse que sou divorciado porque isso interessa para o cálculo do rendimento per capita… O resto, as burocracias, eu trato…
Ela – Mas a casa fica só em seu nome?
Eu – Sim…
Ela – Fez algum contrato promessa?
Eu – Não percebo. Este é o quarto banco onde faço uma simulação hoje e ainda ninguém me fez esse tipo de perguntas.
Ela – Só estou aqui para ajudar.
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

monday bloody monday

Merda de segunda-feira, é o que posso dizer do meu dia até agora. Ainda não tive tempo para quase nada. Daqui a uma hora, mais ou menos, respondo aos comentários e volto aqui. Só uma nota: os bancos são uma merda mas têm miúdas giras.

6.17.2007

conversa 236

(no mini-preço do Retail Park em Aveiro. é a segunda vez que me acontece uma coisa destas ali...)

Deixaram um carrinho vazio na fila do supermercado a marcar lugar. Foram comprar o que queriam e chegaram os quatro (pai, mãe, filho e filha) a abraçar uma quantidade enorme de produtos que atiraram para lá para dentro. Eu já tinha desviado estrategicamente o carro da fila, e tinha passado à frente. Uma pacote de tortellini, uma garrafa de vermute e um pack de iogurtes líquidos era tudo o que eu levava. O homem, baixinho e atarracado, tenta pôr-se à minha frente e pisa-me os pés com as rodinhas.

Eu – Onde é que pensa que vai?
Ele (pai) – O carro já aqui estava.
Eu – Esse carrinho é meu.
Ela (mãe) – Não senhor, este carrinho fui eu buscá-lo.
Eu – Esse carrinho é meu. Os carros são todos iguais e não pode provar que não é meu. Só vos deixei pôr aí as compras porque olhei para o vosso ar miserável e tive pena. Até vos vou deixar ficar com a moeda, mas não vos vou deixar passar à frente.
Ela (mãe) (virando-se para os filhos) – Eu não vos disse para ficarem aqui? Agora é isto...
(os miúdos ficam com uma cara que não sabem onde se hão-de meter, eu começo a ficar demasiado nervoso e a sentir o objecto cardíaco a acelerar. A fila andou à nossa frente e cria-se um espaço onde dá para meter o carrinho, o que ele faz)
Ele (pai) – Eu vou ficar já aqui e ai de quem tentar meter-se à minha frente.
(Eu passo o carrinho ponho as compras no tapete)
Eu – Não percebi se isso foi uma ameaça, mas de qualquer maneira vou ser atendido à sua frente. Se isso que disse foi uma ameaça, agradeço que seja mais claro. Não lhe vou bater porque sou mais inteligente, mas se quiser prometo que espero por si lá fora.
Ela (mãe) (virando-se para empregada da caixa) – Oh menina, não nos viu a deixar aqui o carrinho?
Ela (empregada) – Eu não vi nada...
Ela (mãe) – O melhor é irmos embora. Nunca mais cá voltamos.
(Os quatro afastam-se depois duma pequena discussão entre eles. O pai, ao sair, dá um murro na porta e diz alto que nunca mais lá volta e que me fodia os cornos)
Ela (menina atrás de mim na fila) – É incrível... é este país que temos...
Eu (afastando o carrinho para facilitar a passagem de pessoas) – Eu tenho razão, não tenho?
Ela (menina atrás de mim na fila) – Claro que sim. Eu é que já estava a ficar com medo.
Eu – Eu também, deixa lá, mas à minha frente não passavam.

Acabo de pagar, vou tomar um café num quiosque ao ar livre que há no Retail Park para me acalmar. Vejo a mesma família a passar por mim. Ela é loira, obesa, tem a cara cheia de espinhas e borbulhas, e as calças não chegam para lhe tapar o rabo todo. Ele é baixo e atarracado, como já disse. Já não tem quase cabelo nenhum mas o que tem é comprido, e veste uma camisola de alças cinzenta. Passam devagar por mim e ele abranda o passo enquanto aponta pra mim. Dou mais um gole no café e viro-me para ele. Lembro-me que levei três murros numa discoteca há pouco tempo, não quero ser apanhado de surpresa outra vez. Deixo-me estar, de pernas cruzadas e um cotovelo em cima do balcão.

Ela – Vamos embora, vamos embora...

Eles afastam-se. Os putos levam uma quantidade enorme de sacos de plástico do DeBorla, mas não levam compra nenhuma. Não gosto de pessoa que deixam carrinho de supermercado a marcar lugar, não gosto de pessoas que roubam sacos de plástico nos estabelecimentos comerciais, não gosto de pessoas que não percebem que têm que respeitar os outros. Para ser sincero... não sei se não gosto ou se me limito a ter pena. Tenho pena... é mais isso.

conversa 235

Ela – Qual é a zona da mulher para onde tu olhas primeiro?
Eu – O tecto.
Ela – O tecto?! Que tecto?
Eu – Qualquer um. Quando não as compreendo olho para cima e tento pensar noutra coisa.
Ela (risos)
Eu – Não era uma piada.
Ela – Vê lá se olhar tanto para cima não vais contra qualquer coisa.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 234

Eu – Como é que te hei-de explicar?! Comecei a sentir que a chateava cada vez que lhe telefonava... percebes? Ouvia sempre um suspiro ou uma merda do género. Depois convidava-a para tomar café e ela nunca podia. Deixei de telefonar. Não gosto de sentir que estou a ser chato.
Ele – Ela deu-me a entender que tu desistes facilmente e ela não gostou disso.
Eu – E eu não gosto de jogos. Quer dizer, até gosto, mas só no computador. De resto preciso de coisas um bocado mais simples.
Ele – As mulheres não são assim.
Eu – Deve haver alguma que é... foda-se (só em pensamento).

numa noite de Junho

Nunca gostei de conduzir. Torno-me ansioso por estar a perder tempo a fazer uma coisa que não me serve para nada. Enquanto conduzo não posso ler, não posso trabalhar, não posso sequer concentrar-me devidamente num determinado assunto. Detesto conduzir e detesto automóveis, e a única coisa que vai compensando é o auto-rádio. Tenho quase sempre o auto-rádio ligado quando estou no carro.
Uma noite destas estava a chover bastante. Eu encostei à direita para fazer inversão de marcha numa rua do bairro do liceu e, nessa altura, uma miúda abriu a porta e sentou-se à minha direita, no lugar do morto. Disse-me para a levar às residências de estudantes da Universidade de Aveiro. Eu olhei para ela: estava encharcada e era muito bonita, possivelmente caboverdiana. Perguntei-lhe se a conhecia de algum lado. Não, respondeu ela, mas como estava a chover eu tinha que a levar. E levei.
Acho que foi uma das poucas vezes em que conduzir me deu realmente gozo. Tanto gozo que gostava que, em vez de ela me ter pedido para a levar à UA, me tivesse pedido para a levar a outro sítio qualquer bem mais longe. No fim disse-lhe num tom paternalista, para ela não fazer aquilo mais vezes. Perguntou-me porquê. “Opá... há gajos malucos”, insisti. Respondeu-me que sabia, agradeceu a boleia, e desapareceu engolida pela noite.

passarinhos a bailar

1] Não fui à caminhada ver passarinhos porque estava a chover.

2] Ontem fui ao teatro Aveirense ver, com a minha filha, o projecto ribatejano Ferloscardo. Epá... os gajos são mesmo bons. Se puderem ver isso por aí, proveitem. São dois passarinhos, dançarinos, músicos, actores e malabaristas, num jogo muito interessante de luz e som. A minha filha adorou. Eu também.

3] Nunca percebi muito bem como é que, na zona de Aveiro, às vezes há rajadas de vento que deitam abaixo árvores e não deitam abaixo os ninhos de cegonha nos placards do IP5.

6.16.2007

conversa 233

Ela - Temos que falar...
Eu - Não.
Ela - Não achas que temos que falar?
Eu - Não.
Ela - Tens medo de falar?
Eu - Não.
Ela - Então porque é que não queres falar comigo?
Eu - Eu quero falar contigo... mas não quero repetir conversas que já tivemos umas quinhentas vezes...

conversa 232

Ela - Essa cena do tamanho do pénis é uma treta que todos os homens têm...
Eu - É?
Ela - Nunca conheci nenhuma gaja que se mostrasse preocupada com isso. A sério...
Eu - Hum... isso espanta-me, para ser sincero. Li algures que o tamanho, em erecção, do pénis varia entre os treze e os vinte centímetros... é uma diferença grande...
Ela - Três?! Bem, isso é pequeno demais...
Eu - Treze... eu disse treze...
Ela - Ah! Mesmo assim...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

6.15.2007

conversa 231

(com o meu urologista)

Ele - Isso não é nada. Não te assustes. É só um líquido que os testículos produzem e o corpo devia reabsorver. Por qualquer motivo não está a haver uma reabsorção total.
Eu - Hum... então não há mesmo hipótese de ser cancerígeno?
Ele - Não, não há. Fica contente por te doer, é sinal que ainda os tens...
Eu - Mas a dor interfere um bocadinho com a minha vida sexual, percebe?
Ele - Aguenta. Isso deve passar por si. Se não passar tens que cá voltar e resolve-se. Mas consegues foder, não consegues?
Eu - Sim, mas gosto mais sem dor, não é?
Ele - Isso passa, isso passa...
Eu - Pois...
Ele - Tens os testículos com volume normal e tudo normal. Não te queixes. Se soubesses o que eu vejo por aqui...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

bom fim de semana

1] Hoje tenho um jantar e depois devo ir beber um copo ao melhor bar do mundo.
2] Amanhã vou fazer uma caminhada de 8,4 quilómetros a ver passarinhos e a tirar fotografias.
3] É difícil viver numa cidade cheia de estudantes universitárias com calor.
4] A minha ex-companheira ofereceu-me um moleskine
5] Não sei se venho muito mais aqui até domingo à noite. Por isso, bom fim de semana. Beijos para elas, abraços para eles, com a habitual excepção dos que votam na Catherine Deneuve. Desculpem... no Paulo Portas.

Tangerina mais Bagaço

A Tangerina mandou os nomes para o match maker (ver post "a marta devia esforçar-se mais"): Tangerina mais Bagaço. O resultado foi que somos demasiado parecidos para sermos compatíveis. Em que é que uma tangerina se parece com bagaço? hum... hum... será da minha maçã de Adão?

mulheres artistas que não compreendo (15)


Elizabeth Leite

Fui há bocado ver a exposição da Elizabeth Leite, na galeria Nuno Sacramento em Aveiro. Elizabeth Leite é um nome a não esquecer, para quando eu tiver dinheiro para gastar nestas coisas. Os quadros apresentam quase sempre sinais de alguma desagregação invisível, entre pessoas e dentro delas próprias, suportados por cores fortes e algum humor negro e corrosivo. Gostei. Se virem este nome por aí, numa galeria qualquer, não percam a oportunidade de entrar.

a marta devia esforçar-se mais

A MTV, enquanto passa vídeos, tem vísivel uma cena que se chama match maker. Funciona assim: envia-se um sms com a palavra MATCH mais dois nomes, e eles depois dizem se os dois nomes foram ou não feitos um para o outro. Deixam ainda sempre uma mensagem subliminar e um nível percentual Por exemplo, neste momento apareceu "Marta + Rui | A Marta devia esforçar-se mais | 64%"
Eu também acho que a Marta devia esforçar-se mais. Devia ia trabalhar em vez de andar a gastar o dinheiro dos pais em chamadas imbecis de valor acrescentado. E esta merda devia ser proibida pela Alta autoridade para a Comunicação Social. Um gajo já paga para ver aquela merda de canal, e ainda por cima andam a enganar os adolescentes que acreditam que, com dois nomes, resolvem a vida amorosa deles. € 0,726 cada sms...

conversa 230

Ela - Eu falo tanto e nunca metes nada do que te digo no teu blog...
Eu (silêncio)
Ela - Mas estou-te a chatear?
Eu - Não. Tu nunca me chateias...

respirar

Ontem à noite respirar não foi só respirar. O índice ivariano volta a terrenos positivos, subindo para o onze.

maçã de Adão

Esta agora... aquela cena saliente no pescoço, que anda para cima e para baixo, a que chamamos maçã de Adão, é uma cartilagem cujo maior ou menor crescimento depende de algumas hormonas masculinas, principalmente a testosterona.
Ora, como a testosterona é produzida nos testículos, e a sua sub-produção é uma das principais causa de impotência, andamos aqui todos expostos. A tangerina perguntou-me se eu tinha a maçã de Adão saliente e eu, armado em bom, a responder que não, numa de pensar que aquela cena até é inestética. Olhem... lixei-me.
Agora percebo muito melhor os gajos Khalistan, que deixam crescer a barba a vida toda... enfim... a mãe natureza só nos lixa.

6.14.2007

conversa 229

Ele - Pois, mas não é assim tão bom...
Eu - Tás a gozar, certo?
Ele - Não, não estou...
Eu - Olha, eu não queria ter de dizer isto mas tu, primeiro andas a chorar durante meses que ela não te liga nada, agora que ela te aceita vens para aqui com esse ar de cão que quer fugir ao dono... epá... foda-se.
Ele - Já fomos prá cama, sabes?
Eu - E então? Não correu bem, foi? Corre prá próxima... caga nisso.
Ele - Não é isso...
Eu - não me vais dizer que a XXXXXX afinal é um homem?
Ele - Não... cheira mal. Ela tem um cheiro que não suporto.
Eu - Foda-se. Preferia que não me tivesses dito isso. Eu não quero saber a que é que cheira a XXXXXX. A sério.
Ele - Não sei explicar. Depois pede-me para lhe fazer um minete e eu pá... não sou capaz.
Eu - Estás a brincar, não estás?
Ele - Não te armes em santinho. Nunca sentiste esse cheiro numa mulher?
Eu - Eu sou parcialmente anósmico, mas já senti cheiros, sim, o que é isso não me chateia nada...
Ele - Nada?
Eu - Nada... mas... opá, não digas isso a mais ninguém... está bem?

a minha roupa cheira a uma merda qualquer

A minha roupa cheira a tabaco. Dispo a camisola e prendo-a à cadeira da varanda com molas. Amanhã estará de novo pronta a vestir. As molas são vermelhas.
Não me incomoda, o cheiro do tabaco, embora não seja fumador. Incomoda-me sim, ser a única merda que trago para casa depois de ter estado a beber a noite inteira.
Bebo um vermute antes de me deitar. Escrevo um bocado na cama mas apago tudo sem gravar. Não me apetece, não sei porquê. Sei que amanhã não me vou lembrar de nada do que escrevi. Alivia-me saber isso. Alivia-me a capacidade de esquecer.
A minha roupa cheira a um perfume barato que comprei no chinês.Tiro a camisola da cadeira da varanda. As molas deixaram duas marcas no tecido, como se fossem duas feridas, que se mantêm visíveis depois de eu a vestir. Levo-as comigo, à camisola e às feridas. Não me lembro mesmo do que escrevi ontem. Tinha a ver com a incapacidade de marcar encontros, mas já não me lembro como é que agarrei a coisa. Merda, pá, devia ter gravado. Agora, pelo menos, postava aqui.
A minha roupa cheira ao suor dos que viajam nos comboios. Ao suor de todos: do velho que abre cuidadosamente o envelope com radiografias, da mulher que está sempre a falar ao telefone sobre alguém que não gosta dela, da outra mulher que lê revistas cor de rosa e abana sempre a cabeça em sinal de negação, do homem que lê o jornal Destak como se estivesse a ler o New York Times e dela, da morena de olhos verdes que está sempre a ouvir um leitor de mp3. Nunca me fala. Logo à noite vou-me lembrar dela, quando tentar apagar esta memória em mais uma cerveja num bar qualquer, e a minha roupa vai cheirar a tabaco.

conversa 228

Ela – Deu-me gozo deitar-te abaixo.
Eu – A quem? A mim?
Ela – Sim.
Eu – Mas... quando é que me deitaste abaixo?
Ela – Tu sabes... até melhor do que eu.
Eu – Olha, se ficas contente por me teres deitado abaixo, sejá lá isso o que for, óptimo, mas eu não me lembro de o teres feito. Pelo menos fico com a sensação que te pus em cima por qualquer motivo.
Ela – És um caralho, sabias?
Eu – Não, não sabia.
Ela – Vou embora, ter com um amigo. Agradeço que não me fales mais e, se passares por mim, nem me dirijas a palavra.
Eu – Está bem.

pensamentos catatónicos (79)

Há mulheres com uma capacidade enorme de não decidir nunca nada.

6.13.2007

conversa 227

Ela – Fodemos hoje?
Eu – Hoje não dá. Amanhã posso... amanhã era fixe.
Ela – Amanhã não devo eu poder.
Eu – Foda-se... telefona-me se puderes...
Ela – Eu telefono ou mando-te um sms. Senão só prá semana. No fim de semana vou pró Algarve.
Eu – No fim de semana também não posso.
Ela – No fim de semana não podes?! Andas com alguma gaja?
Eu – Não... vou a um aniversário e tenho a minha filha...
Ela – Ah! Lá porque eu não quero ter nada contigo não penses que podes começar a andar praí com uma gaja qualquer...
Eu – Foda-se... (sem ser só em pensamento)

conversa 226

Ele - Não vais contar esta merda a ninguém...
Eu - Vou, vou...
Ele - Olha que me fodes. A mim e a ela...
Eu - Pronto, vou só pôr no blog...
Ele - Não te conto mais nada. Nunca mais...

cancro dos tomates

O cancro dos tomates, também conhecido como cancro dos testículos, é fodido porque é um dos cancros que se espalha mais rapidamente no corpo, e é por isso que o pessoal tem que estar sempre atento ao seu eventual aparecimento. As boas notícias são que, para além de fácil detecção, é também um dos cancros de mais fácil tratamento. Não custa nada, cada vez que se toma banho, por exemplo, verificar com as mãos se há alguma coisa de errado. Eu, por exemplo, sempre que tomo banho faço um exame aos testículos, o que dá em média um exame por mês, mais do que suficiente.
Normalmente, a primeira sensação que se tem é ter um testículo mais pesado do que o outro. Não confundam isto com ter um testículo mais abaixo do que outro (isso é normal), é mesmo sentir que um tem mais uns duzentos gramas do que o outro até porque, normalmente, esse mais pesado também cresce de tamanho.
Outra merda que se deve analisar é a existência de caroços. Isso consegue-se apertando o mais possível a pele à volta de cada um dos tomates, de forma a que se veja bem a forma do testículo. Se houver algum caroço vai-se notar a existência duma saliência. É fácil...
Não esquecer ainda que o surgimento do cancro torna também a zona mamária mais sensível, e esta é, segundo o meu médico, uma das sensações mais óbvias.
Em caso de desconfiança o exame que se deve fazer é uma ecografia aos tomates, ou seja, vê-los través de ondas sonoras. Eu já fiz dois e sim, é chato como a merda ter um tipo a mexer-nos nos tomates com uma máquina, mas não se queixem, que as mulheres também passam a vida nos ginecologistas e não se queixam. Além disso, os médicos já se estão mesmo a cagar pró que estão a fazer. Querem é que chegue à horinha deles para irem jantar. Tá-se bem.

conversa 225

Ela – Não sei se me apetece ir viver sozinha.
Eu – Então não vás.
Ela – Mas estou farta de viver com o meu pai, percebes?
Eu – Então vai.
Ela – Não quero é viver com o meu pai nem sozinha.
Eu – Então não sei que te diga...
Ela – Tu dás-te bem a viver sozinho?
Eu – Sim, dou.
Ela – Disseste que ias vender a casa...
Eu – E vou, mas depois arranjo outra e continuo a viver sozinho.
Ela – Sempre?
Eu – Sempre, não. Acho que não...
Ela – Com quem é que gostavas de viver?
Eu – Sei lá. Para já não sei... ou sei mais ou menos. Sei lá...
Ela – mas tu és homem. É diferente.
Eu – É diferente em quê?
Ela – Já viste? uma mulher a viver sozinha...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

aroma e frescura

1] No próximo dia quatro de Julho faz um ano que a minha ex-companheira me pediu o divórcio. Tem piada os gringos chamarem a esse dia o Dia da Independência.
2] No próximo dia quatro de Setembro faz um ano que iniciei este blog. A sério que isso não me interessa muito, mas acho mesmo curioso este pasquim ter tido, por exemplo, nos últimos dois dias e segundo o ShinyStat, respectivamente 282 e 278 visitas únicas. De qualquer maneira tenho que agradecer às pessoas que vão passando por aqui. Isto é uma terapia fixe para mim e por isso vocês também são. Obrigado. Gosto de vocês!
3] Fui multado por estar aí uns quatro centímetros em cima da passadeira. Foda-se lá prós bófias. É mesmo caça à multa esta merda. Ainda por cima a multa não diz porque é fui multado. Vou contestá-la.
4] Lembro-me desta cena numa publicidade qualquer quando eu era puto: quatro vezes quatro, aroma e frescura... e gosto de me lembrar. Fica-me uma sensação agradável, não sei porquê.

alvos

Às vezes damos um tiro que não acerta no alvo. Pior que não acertar no alvo é acertar no alvo errado. O índice ivariano desce quatro valores, para o nove.

crónicas da cidade que sopra | cortes de cabelo, silêncios e multas

Amanhã, por ser quinta-feira, o Diário de Aveiro publica mais uma crónica da cidade que sopra, escrita aquilo pelo bagaçólico...

Esta noite Hugo não dormiu. Com a ponta do pé direito descalçou o calcanhar do pé esquerdo e depois, com a ponta do pé esquerdo, descalçou o calcanhar do pé direito. Os sapatos estão largos e envelhecidos, e nem é necessário desapertar os atacadores para os calçar ou descalçar. Com dois pontapés no ar atirou-os para o meio do quarto onde adormeceram envolvidos numa exagerada quietude. Os sapatos adormeceram mas ele não. Aconchegou-se o quanto pôde no lençol de silêncio que não o chegou a aquecer suficientemente, e os seus olhos recusaram-se a fechar. Durante um dia inteiro não tinha falado com ninguém, e só ao deitar-se é que reparou nisso. Depois passou a noite a falar consigo mesmo.

6.12.2007

conversa 224

Ela - Tens cabelos compridos na sanita da tua casa de banho.
Eu - Tenho o quê?
Ela - Cabelos compridos na sanita da tua casa de banho.
Eu (silêncio)
Ela - Teus não são de ceteza. Meus também não. Devem ser de alguém que lá foi há pouco tempo.
Eu - Sim, isso é óbvio.
Ela - Devem ser duma amiga tua.
Eu - Ou duma amiga minha ou dum amigo meu. Desde os Beatles que os homens usam cabelos compridos no Ocidente...
Ela - Mas tu deves saber quem foi... tu é que deves saber quem trouxeste cá, não é?
Eu - Às vezes vêm cá amigos meus... ou amigas, sim, mas não costumo ir à casa de banho verificar se deixam cabelos na sanita.
Ela - Mas quando se puxa o autoclismo os cabelos vão para baixo. Ou não costumas usar a casa de banho ou esteve cá alguém há pouco tempo.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

produtividade

só para contribuir para a vossa quebra de produtividade no trabalho ou no estudo: é terça-feira e eu vou agora à praia. :)

[update] o tempo estava uma boa merda mas a água estava muito fixe, na Costa Nova. Bandeira amarela mas boa temperatura...

a minha próxima relação tem que ser...

para um bom amigo: com uma gaja que fale pouco e foda muito.
para a minha mãe: com um menina limpinha e que trabalhe.
para o meu irmão: com uma miúda que não seja um modelo ultra-leve.
para outro bom amigo: com a XXXXXX, pá. Ela está disponível.
para um colega de trabalho: com uma gaja que não me canse muito à noite para eu começar a trabalhar mais cedo.
para uma amiga: com uma gaja que não seja possessiva que é para ela não me perder.
para o barbeiro: nenhuma, que ele tem mais de sessenta anos e sabe que nenhuma mulher vale a pena.
para a minha filha: com uma mulher que goste de cantar Sam the Kid
para um gajo com os copos que acha que é mais meu amigo do que realmente é: com uma qualquer que as gajas são todas iguais.
para mim: com alguém que eu goste, que goste de mim, e não beba sumol de morango.

pensamentos catatónicos (78)

O mundo é demasiado pequeno para mim e para este blog. A mulher que bochecha com Sumol de morango lê o "não compreendo as mulheres" e reconheceu-se. Acho que, apesar do sentido de humor, está um bocadinho chateada. Um bocadinho de nada.. Hum... parece-me que não pode haver compatibilidade entre um espírito pós-moderno que bebe Sumol de morango, e um classicista que bebe Sumol de laranja, como eu. A vida é fodida. Mais uma hipótese perdida...

conversa 223

Ela - É a nossa primeira queca e é tão bom...
Ele (silêncio)

(passado algum tempo)

Ela – Às vezes fodia com um gajo que depois me pagava copos.
Ele (silêncio)
Ela – Ele tinha assim uma pila tipo rinoceronte. Era uma boa queca.
Ele (silêncio)
Ela – Depois ficava a falar sobre as gajas que já tinha fodido.

in "Inland Empire", David Lynch

6.11.2007

morangos

(antes de ir para o cinema)
Hoje conheci uma mulher que bebe Sumol de laranja e aproveita o último gole para bochechar e lavar os dentes. A lata de Sumol de morango tem uma cena qualquer sobre a série Morangos Com Açúcar. estava a pensar se não será esta a mulher da minha vida. Hum... hum... hum...

Wish me luck!

Bem... convenceram-me a ir ver o filme do David. Wish me luck!

disfunção eréctil e ejaculação precoce

Desde que escrevi o post mulheres, traumas, cores e ejaculação precoce, já recebi alguns emails de homens que me parecem um bocado perdidos e até envergonhados, incluindo um comentário anónimo que publiquei.
Tenho uma amiga mais ou menos próxima que é, de facto, técnica de saúde. Eu não sou. Sobre disfunção eréctil, ejaculação precoce ou outra merda qualquer que atormente um homem, o que se deve fazer, segundo ela, é primeiro dar algum tempo, porque normalmente este tipo de problemas são passageiros. Se o problema se mantiver então é que se deve consultar um andrologista, que ele depois identificará se o problema é de origem orgânica ou psicológica. A partir daí ou inicia um tratamento ou indica um psicoterapeuta.
Eu prossigo que a vergonha é a última coisa que se deve ter, e se a companheira sexual não aceitar nem perceber isso e entrar numa de vos diminuir, a conclusão é fácil: a gaja é parva e é melhor trocarem-na. Claro que o mesmo se passa no sentido inverso. Quando a mulher passa por uma fase de abstémia a única coisa que se pode fazer é respeitar isso e tentar conversar com ela. É para isso que temos duas mãos, por isso evitem pressões psicológicas sobre ela.
Hoje e amanhã estou limitadito no acesso à net, mas brevemente falarei mais sobre estas questões, que são importantes. Importantes porque não foder é fodido (adoro esta frase), e perder uma pessoa por causa duma merda destas ainda mais fodido é.

sms

não penses que eu desisto tão facilmente.
sms recebido antes das oito da manhã. Li-o, com olhos de carneiro mal morto, e adormeci outra vez. Eu não penso nada... a não ser que agora vou cortar o cabelo à barbearia Aveirense.

conversa 222

Ela - Opá, Ando a sentir-me tão sozinha.
Eu - Tu?! Mas tu estás com o XXXXXX... ele parece feliz.
Ela - Ele é feliz. Não me interpretes mal, eu gosto mesmo muito dele... mas é muito centrado nele mesmo. Só pensa nele... mesmo com ele sinto-me sozinha.
Eu - Devias falar com ele...
Ela - Não estás a perceber. Não se consegue falar destas coisas com ele. Ele nem as percebe.
Eu - Hum...
Ela - Já falei mais contigo hoje do que com ele em toda a minha vida. Às vezes penso em acabar com tudo...
Eu - Não te precipites. Vai dar uma volta à praia ou assim...
Ela – Amanhã estás cá em Aveiro, não estás?
Eu – Estou. Mas de tarde vou cortar o cabelo e tenho uma reunião. À noite ainda nem sei... costumo ir ao cineclube mas esta semana é o David Lynch. Não sei se vou.
Ela – Gosto de falar contigo...
Eu – deixa-me só dizer-te uma coisa importante. Aquilo que me estás a dizer do XXXXXX, era exactamente o que a minha ex-mulher dizia de mim. Se calhar essas merdas da falta de comunicação acontecem sempre. Não é o fulano X ou Y que é fechado.
Ela – Achas?
Eu – A partir do momento que divides a vida com outra pessoa, estás a dividir espaço e tempo também. Isso é sempre difícil. Por isso é que um gajo só se deve meter em relações a sério quando está cheio de certezas. Senão é melhor ficar por umas voltitas aqui e ali a ver o que dá...

6.10.2007

xadrez 9


conversa 221

Ontem fui, pela primeira vez, ao Armazém do Silêncio, um bar em Aveiro junto ao Cais do Paraíso. Fui à casa de banho e, na parede por cima do mictório, estava um papel impresso a computador a dizer:

Isto não é um cesto de papeis. Agradecemos a compreenção!

(conversa com a empregada)
Eu - Olha, desculpa lá dizer isto mas é mau de mais. Fui à casa de banho... compreensão é com s
Ela - Só um bocadinho (foi chamar o colega).
Ele - O que é que se passa? (dirigindo-se para a casa de banho comigo atrás)
Eu (apontando já para o papel) - já nem falo no facto de papéis ter acento... mas compreensão leva s. Isto é mesmo mau, ter esta merda aqui, pá.
Ele - Ah! eu sei. Não faz mal...
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

(passados alguns minutos)

Ela - Há bocado pensei que estavas reclamar por qualquer coisa. Quando falaste em compreensão eu pensei que estavas zangado... que não te estavam a compreender. Por isso é que chamei o meu colega.
Eu - Não, não. Não te preocupes. Mas escrever compreensão com ç é muito mau. Para mim é suficiente para não voltar cá.

(entretanto, duas horas depois, voltei a ir à casa de banho e ainda lá estava o mesmo erro)

Eu (só em pensamento) - Foda-se!

Observação: Para além de não saberem escrever, também não gosto de bares com gorilas à porta a distribuir cartões de consumo. Isso já passou de moda há muito tempo. A única coisa que o bar tem decente é mesmo a empregada, que é bonita e muito simpática. Não volto lá.

conversa 220

Ele - Ontem vi a XXXXXX e ela reagiu duma forma estranha quando perguntei por ti... estão chateados?
Eu - Não... Pelo menos eu não estou.
Ele - Ah! já entendi...
Eu - Ainda bem que entendeste que eu, sinceramente, não entendo nada.

mulheres, traumas, cores e ejaculação precoce...

Esta carta vem hoje na Pública, suplemento do jornal Público. Depois de a ler, e também baseado em conversas sóbrias que já tive com amigos meus, acho que se posso resumir, ainda que duma forma empírica, o processo de evolução psicossomática no homem depois do divórcio.

Tive uma relação que durou cinco anos. Acabou tudo, faz sensivelmente um ano. Estive deprimido durante mais de seis meses, período em que estive abstémio no que concerne a mulheres. Há alguns meses, voltei a ter contacto sexual(sempre com parceiras casuais), mas não tenho conseguido ter o desempenho que tinha. O problema é que tenho tido frequentemente ejaculação precoce. Tenho 26 anos, considero-me saudável, pratico exercício com frequência, sempre consegui satisfazer as minhas parceiras. Por vezes, no passado acontecia-me isso quando estava muito nervoso ou com muito stress, agora, tornou-se regra. Acredito que tudo se deve a não estar completamente sanado quanto à relação que refiro no começo desta carta. Será mesmo psicológico ou será um problema físico? Comecei agora uma relação e sinto algum nervosismo quanto a um contacto mais físico por ter medo de ficar envergonhado.

O período abstémio existe sempre, sendo que a primeira companheira sexual que se tem é quase sempre casual, mesmo que na altura se acredite que não. Mesmo que se chegue a acreditar que se gosta muito dela, isso é normalmente mentira. Na verdade acho que criamos a necessidade de gostar de alguém para combater uma certa frigidez emcional instalada em nós.
O período eufórico consiste numa actividade sexual um bocadinho acima do normal, com companheiras de curta duração emocional. Apesar de eufórico é uma fase fodida, em que apesar da regular actividade sexual, se geram constantemente sentimentos contraditórios dentro de nós: vou/não vou, faço/não faço, amo/não amo.
O período de má prestação sexual vem só a seguir às primeiras relações sexuais casuais, quando se começa a levar mais a sério o facto de levar alguém prá cama. Normalmente, com a primeira mulher que levamos para debaixo dos lençóis com paixão, levamos também algum nervosismo. Nunca sofri de ejaculação precoce mas já tive más prestações sexuais, sim. Sei que assumir isto é um problema para a maior parte dos homens. Para mim não é.
O período nuvem (como lhe chamo), em que acho que me encontro agora, é a fase em que se pode viver algumas amizades coloridas, e se começa a acreditar que talvez valha a pena voltar a ter uma relação. Talvez... não se tem muito bem a certeza. As amizades coloridas são importantes, porque as cores tanto aparecem vivas como desbotadas, dependendo dos dias, e vão-nos avisando secretamente de coisas pelas quais não queremos passar outra vez.

6.09.2007

candidatura espontânea

A kruella está à procura dum gajo com requisitos mínimos. Deixo aqui a candidatura...

Ser bom > Sou bom. A sério que sou mesmo bom. Vou muitas vezes a Ermesinde e tudo.
Idade entre 30 e 40 > tenho 35 mas tou quase nos 36. Portanto estou mesmo entre os 30 e os 40.
habituado a fazer flexões e abdominais > isso não faço, mas pratico frequentemente levantamento de copo.
dentição completa e tratada > faltam-me dois ou três dentes, mas quando como amêndoas e elas se entalam nos buracos dos que faltam até parece que tenho todos. A sério.
com a unha dos dedos mindinhos do tamanho das outras oito, curtas, sem serem roídas, que isso mostra sinais de nervosismo/insegurança > unhas roídas só quando o Beira-Mar joga. Também têm todas o mesmo tamanho. Deixei-as crescer todas.
alto, moreno com olhos claros de preferência que não seja vesgo > 1,84 metros mas já não cresço mais. Olhos castanhos claros, pelo menos quando estou completamente sóbrio. Vesgo, só a partir das duas, normalmente.
Inteligente > sim, sim. Claro.
com bom humor > eu, uma vez, fiz uma piada. Foi em 1982 e a minha mãe riu-se.
com um andar normal > hum... andar normal é andar de carro?
hetero a 100% mas sem ser...machista...> sou hetero e não sou machista. Aliás, quando uma gaja me chama machista apanha logo...
remediado...financeiramente > cof, cof, cof!
cabelo penteado > penteado sim, pelo menos duas vezes por ano.
bom na cama que não ressone > isso depende... e se for no sofá?

é bom não foi?

Arranjei uma namorada que me compreende e que eu compreendo. Acredito que vamos ter uma relação de muitos anos. É esta. Hum... hum... estou aqui a pensar agora... epá: como é que eu levo esta gaja ao cinema? ou beber um copo? Hum... se calhar afinal não dura muitos anos... acho que vou é já acabar com esta relação... tenho pena mas vai ser já.

conversa 219

Ela – Podemos estar juntos esta semana? A última vez foi fixe...
Eu – Foi fixe mas ficámos de marcar mais vezes e tu não me telefonaste. Depois eu fico com saudades...
Ela – Então, tu também não me telefonaste a mim.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

cinco cenas maradas

1] Hoje, no Armazém do Silêncio, a acompanhar os Retroboys no som, vão passar imagens aqui do Bagaço Amarelo. Pena é que o Bagaço não possa estar presente porque está em Espinho a trabalhar. Se aparecer é lá mais para o fim...

2] Se torno a ouvir o Pedro Abrunhosa a perguntar quem o salva desta espada e quem lhe diz onde é a estrada, mando o auto-rádio pela janela. Fosca-se, que gajo reptitivo. Eu estou aqui, eu estou aqui, eu estou aqui....

3] Acho que me vou iniciar no couchsurfing este mês. Não a viajar mas a receber uma pessoa. Fixe!

4] Assinei o abaixo-assinado do movimento 1922 por um Beira-Mar mais perto dos sócios.

5] A sério que não compreendo as mulheres. Num dia está tudo bem, no dia a seguir está tudo mal, depois está tudo bem outra vez e, por fim, afinal está tudo mal. E eu (só em pensamento): Foda-se, caralho lá para esta merda toda. É tudo mesmo só em pensamento, que eu não digo asneiras e sei que este blog é visitado por menores (o Marques Mendes, por exemplo).

6.08.2007

mulheres com blogs...

1] A Insaciável pergunta no Sexo sem Nexo, às meninas e aos cavalheiros, se recuam nas intensões sexuais quando a parceira está com o periodo. Eu, pessoalmente, não me importo.
2] A Kruella procura, no dekruella, um gajo bom que tenha entre 30 e 40 anos. Eu tenho, mas pelo que percebi não satisfaço os requisitos todos.
3] A Cláudia, no Claudipedia, acha que mudar a cor do cabelo é um vício.
4] A Fausta Paixão, no não compreendo os homens, está preocupada com os direitos humanos. Pelo menos os dela.

menina Inverno

Júlia gosta do vento cinzento que a despenteia pela manhã. Às vezes abraça-o cingindo-se a si. Porque ele é esguio. Tão esguio como as suaves lembranças coloridas que pontilham o céu pálido onde habita, e depois se vão intermitentes de amor, explodindo no ar como balões de gás a arder. Às vezes semeia sonhos no negrume de um café quente britânico. Depois pára no tempo, espaçadamente, mas ninguém sabe. Devaneia sorrisos vãos entre os olhares que a percorrem sem destino, e de meias rotas é uma menina Inverno notando-se no degelo. Como água no deserto. É um insecto preso na imensa teia de aranha que desenha a cidade de Londres.
Hoje de manhã embrulhei o acordar embrutecido da cidade, adormecendo-o com a cabeça encostada à janela de um comboio. Tão longe da partida e da chegada como de outra coisa qualquer. O céu empalideceu-se e, como um peixinho vermelho na água de lodo escura, vi-a entre os transeuntes. Não a chamei. Júlia está longe.

[escrito para uma amiga em outubro de 2004]

carne torpe

O teu sono permanece com a justiça e a quietude dos astros. Se um dia acordares dessa letargia, surpreender-te-ás pela quantidade de coisas que agora te digo, que te dizia com a mesma intensidade em qualquer noite bem dormida. Aquilo que eu sei e amo em ti, aprendi-o nos teus silêncios oníricos.

Eugénia Brito em "Carne Torpe"

conversa 218

Ela – É bom estar ao pé de ti.
Eu - Não concordo, mas pronto...
Ela - Não concordas?
Eu - Não... passo a vida ao pé de mim e já estou farto. Acho que é melhor estar ao pé de ti.
Ela - Também estou farta de estar ao pé de mim.

ressabiados

Lol! Uma das coisas que me dá mais gozo neste blog é perceber que deixa vários tipos ressabiados. Hoje tinha três comentários anónimos, sobre o post anterior "esta noite dormi com ela", de pessoal em total regozijo pelo facto de ter feito amor apenas uns minutos.
Acho que é a isto que se costuma chamar analfabetismo funcional, ler um texto mas não perceber o que está lá escrito. Também não me apetece explicar mas, ao pessoal que deixou os comentários, dou um conselho sério: leiam mais.
Ah! e "fizes-te" não leva tracinho. É fizeste, simplesmente. Eu explico-vos a regra porque estou farto de ver este tipo de erros. Só se puderem fazer a negação do verbo é que colocam tracinho. Exemplo:
Fizeste amor só durante alguns minutos, não pode ser não te fizes amor durante alguns minutos.
mas a negação de
Fazes-te ao bife durante alguns minutos é não te fazes ao bife durante alguns minutos.
Não é assim tão difícil, pois não?

6.07.2007

esta noite dormi com ela

Esta noite dormi com ela. Fizemos amor durante alguns minutos e depois dormimos juntos até amanhecer. Vê bem à tua volta. Deves ter perdido a sombra.

respostas a perguntas inexistentes (2)


Ela chamou-me. Esperou alguns segundos e, como não reagi, tornou a chamar-me, desta vez mais alto e com irritação na voz. Perguntou-me porque é que eu não lhe respondia. Eu respondia, sim, da mesma forma que as árvores falavam umas com as outras.

cabeça borracha

1] Baixei a última versão do Openoffice, que é muito melhor do que o Microsoft Office e é de graça .
2] Baixei o Eraserhead, do David Lynch, e vou revê-lo antes de ir ao cinema ver o Inland Empire.
3] Isto é para ver se um gajo se ditrai e não pensa em mulheres incompreensíveis.

links> openoffice, eraserhead 3, eraserhead 4, eraserhead 5, eraserhead 6, eraserhead 7, eraserhead legendas em português

conversa 217

Ela - Porque é que às vezes finges que não me vês?
Eu - Eu?! Eu não finjo que não te vejo...
Ela - A maior parte das vezes passas por mim e nem um olá dizes.
Eu - A sério que não é de propósito. Se não te cumprimento às vezes é porque não te vejo mesmo...
Ela - Já me disseram que és um arrogante, que não cumprimentas as pessoas só porque não te apetece.
Eu - Quem é que te disse isso?
Ela - Olha, uma pessoa que não cumprimentas.
Eu - É verdade que sou arrogante, é verdade que não cumprimento uma pessoa só por uma questão de educação. No teu caso, a sério que se não te cumprimento algumas vezes é só porque não reparo em ti...
Ela - Porque não reparas em mim?! Isso ainda é pior.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

conversa 216

Ela1 - Se pudesses voltar atrás no teu divórcio, voltavas?
Eu - Não.
Ela1 - Porquê?
Eu - Sei lá... há que coisas que quando quebram não são recuperáveis.
Ela2 - Mas se pudesses voltar atrás como se nada se tivesse passado, voltavas?
Eu - Talvez... acho que sim.
Ela2 - Pois, isso muda tudo.

trece

después desta noche yo no sé lo que hacer con lo índice ivariano. Pués... mira... creo que se quedará con uno pontito más: trece

fuck da system

Conselho de divorciado: se, depois de terem bebido alguma cerveja, alguém vos começar a oferecer shots, não aceitem. No dia seguinte a cabeça fica um cadito mais pesada do que o costume. Fuck da system!

6.06.2007

jantar

E pronto, vou cozinhar camarão com alguns ingredientes exóticos embora não em demasia mas para mais garfos. Parece bom. Espero que tenham também um bom jantar e uma boa noite a não ser que, por uma vez na vida, tenham votado no CDS Pipi.

conversa 215

Eu - Não consigo mesmo. A sério... se me quiserem torturar é obrigar-me a ouvir um disco dos pólo Norte inenterruptamente.
Ela - Não me fodas.
Eu - Não, não fodo. Não te preocupes.
Ela - Mau, não sejas assim. Não é esse "não me fodas" de que estou a falar.
Eu - Mas porquê? Então qual é que é o "não me fodas" em que não te posso foder mesmo?
Ela - (risos) Em nenhum.
Eu - Não me fodas.
Ela - (risos) - É melhor falarmos mais baixo.
Eu - Porquê?
Ela - Porque podem ouvir.
Eu - Podem ouvir sobre coisas que não fazemos. Não há crise...
Ela - Não fazemos mas podemos vir a fazer.
Eu (só em pensamento) - Foda-se!

mayra andrade por aí

Estou zangado com a Mayra. Então não é que a miúda vem cá e não me diz nada... foi o Duckman que me avisou por email, a quem agradeço.

28 Junho | Lisboa
02 Agosto | Zambujeira do Mar
14 Agosto | Faro

Ainda por cima vem cá mas nem um concerto no norte. Nem um. E eu (só em pensamento): foda-se!

conversa 214

Ela – Logo jantamos?
Eu - Já tenho um jantar marcado em Aveiro.
Ela – És sempre a mesma merda.
Eu – Amanhã trabalho em Espinho à tarde. Se quiseres posso ir de carro e dou um salto ao Porto à noite. Jantamos amanhã...
Ela – Amanhã não posso. Já tenho eu um jantar marcado.
Eu – Estás a ver? Também és sempre a mesma merda. (risos)
Ela – Não. Tu é que és sempre a mesma merda. Fazes jantares em Aveiro e nem me convidas.
Eu – Também não me convidaste para o teu de amanhã no Porto.
Ela – Não posso. Não conheces o pessoal com quem vou...
Eu – Tu também não conheces o pessoal com quem vou jantar hoje.
Ela – Passava a conhecer, não é?
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

respostas a perguntas inexistentes (1)



Ela contava piadas sempre que tomávamos café na esplanada de betão, acanhada entre alguns edifícios decrépitos e sem cor. Nunca levei a sério aquela felicidade, mas respondia sempre com um sorriso e, não sei porquê, gostava que tivesse sido eterna, apesar de falsa.

crónicas da cidade que sopra | mas às vezes não

Amanhã, por ser quinta-feira, regresso ao diário de Aveiro com mais um crónica da cidade que sopra: mas às vezes não.

Tem perdido amigos, pensa enquanto o céu vai fugindo na delgada janela do veículo. Não é que eles se tenham zangado ou até morrido. Deixaram apenas de ser amigos do presente para passarem a ser conhecidos do passado. Talvez seja normal aos trinta e tal anos, conclui. Amigos de abraços e conversas longas transformam-se em insípidos apertos de mão e casuais perguntas de retórica: “Então, como vai isso?”, “Olá, estás fixe?” ou “Vais andando?”.

uma dúzia

Minetes à parte, e voltando a coisas sérias, o índice ivariano sobe mais um valor. Fica no doze e já não é mau. Hoje tive uma manhã boa, na também boa companhia da XXXXXX. Logo vou ter um jantar fixe, na também fixe companhia de algumas amigas e um amigo. Nem me posso queixar muito.

6.05.2007

coisas que fascinam (52)

conheci-o no blog da Insaciável e fascinou-me: não tenho vergonha.

conversa 213

Ele – Há quanto é que não nos víamos?
Eu – Há mais de um mês... desde que eu fui a Lisboa.
Ele – Como é que anda aí o índice ivariano? Não tenho ido ao teu blog...
Eu – Na mesma. É a guerra do costume.
Ele – Tens estado com a XXXXXX ou com a YYYYYY?
Eu – Vou estando... às vezes. E tu, estás porreiro com a ZZZZZZ?
Ele – Estou, mas não penses que não temos chatices um com o outro. Não há nada perfeito.
Eu – Pois, mas pelo menos gostas de alguém a sério. Já não é mau...
Ele – E tu não gostas?
Eu – Gosto... mas gosto de quem não gosta de mim, percebes? A merda é essa...
Ele – Mas a XXXXXX e a YYYYYY não gostam de ti?
Eu – Opá... gostar gostam mas não é o suficiente. É mais por empréstimo, percebes?
Ele – E a WWWWWW? Ela gosta mesmo muito de ti...
Eu – Sim, eu sei. Mas o que é queres que te diga? A WWWWWW não me desarruma por dentro, pá. Nem devia ter estado com ela. Fiz-lhe mal.
Ele – Como a XXXXXX te fez a ti?
Eu – Exacto. Mais ou menos...
Ele – Tu falas muito de gajas com paixão, pá. Isso na nossa idade não existe. Tu tens é que arranjar alguém, mesmo que só gostes um bocadinho dela, e depois alimentar essa relação. Aos trinta e cinco pensas que te vais apaixonar como quando tinhas vinte? Não vais...
Eu – Então estou fodido. Eu não consigo fazer isso... e não quero.
Ele – A WWWWWW é mesmo bonita e tu mandaste-a à merda. Eu nem acredito, percebes? Para quê? Por causa duma mulher que está contigo uma vez por mês...
Eu – Eu não a mandei à merda. Disse-lhe a verdade e foi o que fiz melhor. Não estou arrependido, caralho. E não foi por causa de ninguém. Foi por minha causa. Bem... e por causa dela.
Ele – Vais andar anos até encontrar a tua princesinha. É o que te digo...
Eu -Tá fixe! Primeiro tenho que encontrar um sapato. Espero encontrar um duma gaja que cheire mal dos pés, assim é mais fácil chegar até ela.
Ele – Tás a aparvalhar.
Eu – Pois tou.

tu vens do circo quando eu gosto de ti

Tu vens do circo quando eu gosto de ti. Sempre, sapateando a mistura de terra e água do caminho das árvores tristes, cujas folhas pranteiam de vermelho a lama. Trazes nos olhos ainda restos de algodão doce que, em sulcos de soluços leves, se rasgam e sobem aos céus formando as nuvens. Ora brancas de falsa paz, ora negras de concórdia. Hora de te deitares e seres boa.
Tu vens do circo quando eu gosto de ti, e trazes sempre novas formas de o contar. Ora antes, ora depois. Seja o sorriso estendido de um palhaço triste, seja o amparo quente da bailarina ao domador de leões. Trazes na boca a humidade duma nascente de água fresca, que eu bebo, e me corre com a força de um rio onde sou náufrago.
Tu vens do circo quando eu gosto de ti. Sempre sobre um dia de suor pedindo repouso, em que te espero tal um cão faminto soçobrado à ausência do dono.
Mas hoje não, que fui à janela que dá para o caminho e vi-os a passar: o palhaço triste, o domador de leões, a bailarina que o ampara, e até o homem do algodão doce. Fiquei a vê-los até se diluírem no horizonte, e nunca olharam para trás.~

[escrito em maio de 2003]

profanação de bandeira II


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