4.21.2007

conversa 144

Ela - Quero divorciar-me, sabes? Preciso divorciar-me. Preciso que a minha vida dê um salto para qualquer sítio.
Eu - Já falaste com o teu marido sobre isso?
Ela - Não. Ele pensa que eu estou muito bem, mas não estou. Quer dizer, eu gosto mesmo dele, só que já não o suporto. Ele está a sufocar-me, sabes?
Eu - Se estás à espera que eu te dê conselhos tira o cavalinho da chuva. Essas merdas são demasiado importantes na nossa vida para eu sentir que devo aconselhar alguém. Tenho medo de dar conselhos errados e é uma responsabilidade muito grande, percebes?
Ela - Ao dizeres que isto é demasiado importante na nossa vida já me estás a aconselhar sem saber. É que eu nem tenho vida... e as raras vezes que estou contigo sinto-me como se estivesse, sei lá, a nascer outra vez.
Eu - Primeiro, não quero que te divorcies a pensar em mim. Isso não é justo. Segundo, não acredites que eu sou melhor que o teu marido. Eu nem o conheço mas não me parece que seja má pessoa, pelo que contas.
Ela - Eu não ia fazer isso. Já percebi que não gostas de mim...
Eu - Eu não disse isso. Tem calma...
Ela - Calma tens tu... eu sinto-me morta.
Eu - Os mortos costumam ser calmos. Nunca vi nenhum nervoso...
Ela - Percebes? Tens sempre sentido de humor mesmo quando está em baixo. Ele não.
Eu - Isto não era uma piada. Eu realmente nunca vi um cadáver nervoso. Ah! e tenta não me comparar, está bem?
Ela - Está bem, desculpa.
Eu - Agora é assim, telefona-me se precisares de alguma coisa, mas até resolveres a tua vida é melhor não passarmos disto: uma café aqui, outro ali. Eu também te telefono, tipo se precisar que me pagues a conta da água...
Ela - E se eu resolver a minha vida, como tu próprio dizes?
Eu - Se resolveres, melhor. Fica resolvida. Não te esqueças que sinto-me próximo doutra pessoa. E tenho que te dizer isto...
Ela - Eu sei. Ela gosta de ti?
Eu - Quando está a chover gosta, quando está Sol não. Sei lá... vem aí o Verão e vai estar Sol...
Ela - Também precisas resolver a tua vida.
Eu - Preciso sair daqui. De Espinho e até de Aveiro. Acho que vou passar um fim de semana fora qualquer, agora nos próximos tempos. Sozinho.
Ela - Sozinho?
Eu - Sim, ou então com um cadáver qualquer. Daqueles mais calmos...

6 comentários:

Diolindinha disse...

E então, já resolveu para onde ir e com quem ir? Ó vizinho, arranje uma coisa jeitosa e que não se pareça com um cadáver! Credo, inté estou arrepiada!

Anónimo disse...

Faz bem sair da nossa rotina de vez em quando... para pôr as ideias no sítio:)

Cláudia disse...

Epá, eu também me sinto meio cadáver. Se quiseres ir a Lisboa...
;)

Ivar C disse...

oh vizinha, bem vinda ao não compreendo. a onda fshion, por exemplo, é só cadáveres, não é? e no entanto... ;)

borboleta, pois faz... e eu aqui tão pouco tempo de Salamanca... :)

cláudia, estou a preparar um fds em Lisboa, estou, mas é preciso que aconteçam uma série de coisas... que isto de ser divorciado com filhos tem que selhe diga a nível de gestão de tempo e orçamento. Se for aviso-te logo que possa. :)

Fábula disse...

xiii, que grande confusão... nem sempre os problemas está no no casamento, às vezes está mesmo nas pessoas... quando se perdem, quando perdem o tino, quando estão insatisfeitas! :)

Ivar C disse...

pois Fábula, mas isso é habitual, não é? :)