4.07.2007

conversa 119

ao jantar

Ela- Tu és muito impulsivo. É o teu maior problema…
Eu – Eu sei… mas isso já não posso mudar.
Ela – Sim, eu sei… é um privilégio ser tua amiga, mas tu sabes isso, não sabes?
Eu – Sei que é um privilégio para os dois. É sempre assim quando se fala em amizade, não é?
Ela – É. (ri-se)

passados alguns minutos:
Ela – Nunca pensaste em… ser mais do que meu amigo?
Eu – O quê? Se pensei que podíamos ter uma relação?
Ela – Sim… um affair, uma coisa qualquer…
Eu – Claro que pensei, e tu também pensaste. Mas nunca aconteceu e, para ser sincero, ainda bem… não acho que conseguíssemos estar muito tempo juntos. Nem eu contigo, nem tu comigo.
Ela – Sim… isso é verdade.

passados mais alguns minutos:
Ela – Tu estás livre?
Eu (cantarolando António Variações) – Tu estás livre e eu estou livre… e há uma noite para passar…
Ela – Estás com alguém ou não?
Eu – Não. Oficialmente estou livre que nem um passarinho… mas emocionalmente não…
Ela – Ah!
Eu – E tu?
Ela (encolhe os ombros) – Gosto dum tipo… mas ele é casado…
Eu – É casado? O único conselho que te posso dar é teres sempre uma garrafa de uísque em casa… (risos)
Ela – Já estive com ele… uma vez.
Eu – Hum… tem cuidado contigo. É só isso. Faz o que quiseres, não te estou a dar lições de moral. A sério que não… mas tem cuidado contigo. Sei lá, não te entregues demasiado sem alguma coisa em troca… percebes?
Ela (abana afirmativamente a cabeça)
Eu – Se bem que eu sou o último gajo do planeta que devia dar-te este tipo de conselhos…
Ela – Porquê?
Eu – Porque… olha, porque só faço asneiras… e mais não digo.

passados mais alguns minutos:

Ela – Mas tu divorciaste-te há tão pouco tempo. Eras capaz de te meter noutra já?
Eu – Oh! Não me faças perguntas difíceis…
(alguns segundos de silêncio)
Eu – Devagarinho até me metia noutra… cautelosamente, digamos…

passados mais alguns minutos:

Ela – Lembras-te quando vivias aqui? O pessoal pensava que nós éramos namorados…
Eu – Claro que me lembro… isso só quer dizer uma coisa…
Ela – O quê?
Eu – Que aquilo que o pessoal pensa não interessa.
Ela – Pois… mas incrível é que nunca te esqueceste de mim.
Eu – Não é incrível. Acho que me lembro de ti todos os dias.

passados mais alguns minutos:
Ela – Devias vir mais vezes ao Porto jantar comigo…
Eu – Às vezes venho ao Porto e nem estou contigo. Tenho aqui mais amigos e pouco tempo para estar com eles todos… além disso tu também devias ir a Aveiro de vez em quando. Tens sítio para ficar.
Ela –É muito longe.
Eu (só em pensamento) – Foda-se!

passados mais alguns minutos:
Eu – Olha… tenho um blog na Internet onde, mais ou menos, vou falando da minha vidinha de divorciado. Gostava de pôr lá alguns bocadinhos desta conversa… posso?
Ela – Agora toda a gente tem um blog. Só eu é que não… não vais pôr lá o meu nome, pois não?
Eu – Claro que não. Nunca exponho as pessoas de quem falo. Às vezes mudo tanto as coisas que nem elas próprias se reconhecem… não te preocupes…
Ela – Faz o que quiseres…

passados mais alguns minutos:
Eu – Às vezes tenho saudades tuas… estou a beber um copo e lembro-me de ti sem mais nem menos. Apetecia-me que estivesses ali, ao meu lado, a dizer as tuas coisas…
Ela – Ainda bem que me dizes isso…

11 comentários:

Tangerina disse...

Huuuge smile:))))
(Conversa bonita, essa)

Bjo de citrino

Anónimo disse...

A amizade é mesmo isso:). Gostei.
Bj.

Anónimo disse...

Ás vezes há conversas assim.. parece que não dizem nada, mas podem dizer tudo!
Muitas vezes nem importa como começam ou acabam... mas sim o que de bom se tira delas.

beijocas

Ivar C disse...

tangerina, beijo para ti com hálito a bagaço. ;)

borboleta, pois é, pois é... ;)

nina, é verdade. muitas vezes começam com um jantar... ;)

Kashemira disse...

Uma amizade assim, entre um homem e uma mulher, é tão bom quanto um grande amor e sem as complicações e amarras que o amor tem. :-)

Ivar C disse...

olha... karla. tens razão, sabias? :)

Kashemira disse...

Calculava ;)

Tangerina disse...

Argh!!

João Feijó disse...

A definição mais interessante que já ouvi de amigo/a foi: toda aquela pessoa do sexo oposto que, por um motivo muito estranho que nunca conseguiste explicar, nunca foste para a cama com ela.

Também podia deixar a definição de escuteiro, mas não seria oportuno.

Ivar C disse...

tangerina, então? está tudo bem? ;)

jf, tens razão. No meu caso, os amigos do mesmo sexo que eu... também nunca fui prá cama com eles... mas sei explicar porquê. lol!

Contabilista Emocional disse...

Agora um enorme cliché: há mais amor na amizade que amizade no amor.